Balanço do governo Lula no Life

Assisti hj antes do Bom Dia Brasil o balanço do governo Lula no Life, transmitido pela BBCworld. Prá quem não conhece, Life é "a multimedia iniciative about the impact of globalization on poverty and social development" patrocinada pela Comissão Européia, ONU, governos norueguês e alemão e outras entidades internacionais.

Ou seja, petistas podem assistir sem medo. Não é um programa retratando o ponto de vista das elites, das forças ocultas, do Darth Vader, do Lobo Mau ou qualquer outro moinho de vento transformado em castelo pela retórica necessária para tentar disfarçar a falta de habilidade política e a abundancia de deslizes éticos dos últimos anos.

Depois de mostrar rapidamente a esperança da posse e a decepção nas CPIs, o programa começa a apresentar o balanço social do governo Lula...

O tema desigualdade social começa mostrando catador Zezinho, um personagem tão perfeito que talvez seja um agente da CIA encarregado de fomentar a campanha contra os ilibados cavaleiros da esperança.

Zezinho é migrante nordestino que circula pelas ruas de São Paulo usando um dos mais primitivos dos HPVs montou um centro cultural improvisado na favela Coliseu com revistas e livros "reciclados" mora na favela Coliseu ao lado da Daslu.

Além desse "currículo", olha a sonora com o muro que separa a comunidade da Daslu coberto de desenhos no fundo..

ZEZINHO:
This is our Brazilian version of the Berlin Wall ...ità€™s our wall of shame. On the other side of it is the rich world à€¦ while on this side thereà€™s a world of poverty. On this side thereà€™s a world of misery, of filth on the other side of our Berlin Wall thereà€™s a world of gardens and money à€¦ wonderful gardens, marble floors.

Outro possível agente do imperialismo americano, o politécnico e ex-capitão da indústria de brinquedos, Oded Grajew, mostra que a desigualdade não está ligada ao crescimento econõmico e que tudo continua na mesma desgraça de sempre.

ODED GRAJEW, President Ethos Institute & Co-Founder, the World Social Forum:
Economic growth does not necessarily lower social inequality. Brazil grew more than anywhere else in the world in the last century. This is what I call our à€˜National Shameà€™ graph. The curve at the top shows the rise in GDP while the inequality graph below hasnà€™t moved - it looks more like the electrocardiogram of a corpse.

O programa destaca, entretanto, uma melhora no índice de miseráveis... aqueles abaixo da linha de pobreza. A porcentagem de brasileiros que sobrevivem com menos de um dólar por dia caiu de 8,8% em 1990 para 4,4% hj.

Quanto às medidas para combater a desiguladade no futuro, o programa destaca o programa Bolsa Escola... O ministro Patrus Ananias tenta apropriar-se da fama do programa criado no governo FHC.

PATRUS ANANIAS, Minister for Social Development & Hunger Eradication:
For the first time in our history president Lula has prioritized poverty eradication. Weà€™re integrating family programs, and eradicating child labour. And weà€™re bringing into the fold all those people whoà€™ve been historically excluded.

É cliche dizer que brasileiro não costuma ter memória, mas será que todo mundo já esqueceu a pressão necessária para que o governo Lula não desvinculasse os benefícios à presença na escola?

Talvez por isso, o Life dá espaço para a crítica do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros.

CARLOS MENDOCA DE BARROS, Political Analyst and former Minister for Communications:
Lulaà€™s record on education is very, very poor because you know the former president changed a lot the public education system in Brazil and increased sharply the number of Brazilians going to the school. But the former government started from the bottom, they start from the basic education and the Lula ought to start dealing with the medium level education à€“ and they didnà€™t. The Lula record in education ità€™s really very poor. The government keep the old programmes inherited from the former government.

Ou será que a produção do programa leu esta reportagem do estadão de março deste ano informando que os gastos com educação são os menores nos últimos 10 anos.

Dados do Ministério da Educação utilizados para convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a importância de reforçar os recursos para o setor mostram que o orçamento da educação de 2005 é R$ 4,6 bilhões menor do que o de 1995, em valores atualizados pelo IPCA. Comparando com 2002, último ano de mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a perda é de R$ 3,1 bilhões.

O programa comenta tb a falta de solução para o problema da moradia, mostra sem-tetos sendo despejados, o presidente do Sebrae José Luiz Ricca soltou as velhas reclamações e medidas para combater o mercado informal e mostraram crianças nas ruas vendendo chicletes e "guardando" carros para ajudar a família a sobreviver.

Do lado positivo, e chamou a atenção a coisa da economia solidária. O comandante da iniciativa, Paul Singer, disse que tão rolando 20 mil empreendimentos que podem gerar trabalho para 2 milhões de pessoas. De acordo com os números do próprio governo, um milhão de brasileiros já está envolvida nos projetos.

PAUL SINGER, Secretary, Solidary Economy, Ministry of Labour:
We are trying to build a data bank about the Solidary Economy in Brazil and we have provisional estimates show us at least 20,000 enterprises, all sorts of enterprises, and different types of co-operatives and collective groups which possibly occupy about 2 million people. This is for the Brazil economy still small, but ità€™s so recent, that it has great potential that it becomes a significant part of the Brazilian economy.

COMM:
According to government figures from 2004, a million people are already working within the solidary economy movement.

O case apresentado é o da siderurgica Uniforja, uma empresa falida que voltou a produzir de forma competitiva sob o comando de uma cooperativa de funcionários com a ajuda do BNDES. Veja o release do bndes.gov.br.

A aquisição dos ativos da massa falida da Conforja pelos trabalhadores da Uniforja é um projeto 100% financiado pelo BNDES, com um total de R$ 29,5 milhões, dos quais o Banco já liberou R$ 22,2 milhões. As liberações foram feitas neste ano pela nova direção do BNDES, destinando-se à quitação da compra do terreno, da planta industrial e dos equipamentos, arrematados em leilão por R$ 17,3 milhões, além de R$ 4,8 milhões para composição de capital de giro e de R$ 150 mil para programas de capacitação da mão-de-obra. O financiamento fornecido pelo Banco servirá para a manutenção de 251 empregos diretos e de 840 indiretos, com fortes perspectivas de ampliação do quadro de pessoal.

Há outros temas, mas este texto tá longo e provavelmente a maioria já desistiu de ler...

De qq modo, vale assistir ou ler a transcrição... É sempre bom ver uma opinião de fora... de gente distante das picuinhas e paranóias retóricas que povoam o discurso político partidário brasileiro.

Costumam repetir o programa nos finais de semana. Dê uma olhada nos horários no site da BBCWorld.

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