Preconceito contra o Software Livre ou simples falta de definição de público?

HC, que tá há uns meses suportando o meu entusiasmo com o Nokia N800, mandou o link para esta reportagem do Link sobre o meu brinquedo preferido.

O sujeito que fez a avaliação do Estadao achou muito complicado de usar...

A dificuldade começa na hora de ler e-mails. O N800 não vem configurado para os principais serviços, como Hotmail, Gmail ou Yahoo! Mail. Você precisa digitar os endereços dos servidores de entrada e saída, coisa que a maioria das pessoas não sabe fazer. O menu de ajuda até diz quais são os passos, mas a explicação é difícil de ser entendida por quem é leigo no assunto.

Outro problema ocorre na hora de passar os arquivos do N800 para o computador pelo cabo USB. Por meio do PC, você só tem acesso aos arquivos armazenados no cartão de memória. Se quiser copiar uma foto (o equipamento faz fotos básicas) gravada na memória interna não será fácil. A solução é fazer um backup geral. Então os arquivos serão gravados no cartão de memória e você conseguirá copiá-los.

Complicação não é o que se espera de um PC de bolso.

OK.. .ate acho a critica válida...

Qq pessoa que não consiga seguir instruções passo-a-passo, tem dificuldade de usar Ctrl-c e Crtl-v, ou acha complicado de navegar até esta da página web e depois clicar seta verde onde está escrito "click to install", não deve comprar um N800 mesmo.

Entretanto, para qualquer analfabeto funcional digital não vejo muitos obstáculos na operação dos Internet Tablet da Nokia.

Ou seja, quem consegue abrir uma pasta e arrastar um arquivo para outra pasta não terá dificuldades terríveis para copiar fotos do N800 para o Desktop via USB. (Não consegui entender de onde o autor tirou a "solução é fazer um backup geral"... Além disso, se vc quiser gravar as fotos direto no cartão é só configurar)

Beleza... O cara tá escrevendo para um público menos sofisticado. Não tem sentido mesmo escrever no Link imaginando que o leitor tem a mesma capacidade de compreensão do leitor do Slashdot ou da Wired nos anos 1990.

Nem todo mundo tem a capacidade do menino de 6 anos que passou uma hora e meia brincando no meu N800 durante a festa de reveillon deste ano....

Nem ia falar nada... Cada meio de comunicação tem direito de escolher o público que quer atingir.

Mas aí eu fui ler este artigo sobre o iPhone touch, o concorrente direto do N800 publicado no mesmo dia e linkado na mesma página, logo abaixo do texto sobre o N800.

Desbloqueamos o iPod Touch e tentamos instalar programas não-oficiais disponíveis na internet. Deu certo, mas não conseguimos baixar os softwares da Apple – só uma batelada de outras coisas (leia acima).

Como último recurso, uma tentativa extrema: baixamos cópias piratas dos programas da Apple e tentamos instalá-las, na marra, no iPod Touch desbloqueado. É um procedimento complicado, que resultou em nova derrota: os softwares até apareceram na telinha do Touch, mas não rodaram.

Ou seja, a avaliação de um produto da Apple, empresa que tem um depto de marketing martelando constantemente um mito de facilidade de uso, merece que a reportagem faça um esforço de hackear o aparelho para tentar usar softwares de forma ilegal.

Agora, no aparelho que roda linux, o assustador sistema operacional dos nerds babantes, no qual todo e qualquer hack é legal e incentivado, configurar uma conta de e-mail, arrastar arquivos de uma pasta para outra ou instalar programas via "one click install" é muito complicado para o leitor do Link.

Não entendi. Fica uma modesta sugestão para o editor do caderno: decida para quem vc quer escrever e deixe isso explícito em algum lugar.

Desse jeito parece que existe um preconceito contra o software livre.

BTW, para quem ainda acha que tudo que roda Linux é complicado e só pode ser usado por nerds, leia o artigo do ator, comediante, diretor, escritor e macmaníaco (talvez ex-macmaníaco), Stephen Fry, sobre o Asus eee no Guardian.

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