Helio Bezerra de Azevedo

neomarkets:

O Windows 2000 é um produto para pequenas empresas?

Azevedo:

O Windows 2000 é software que vem para substituir o Windows NT. O 98 está sendo substituído pelo Windows Millenium. A Microsoft separou de vez o Windows para uso doméstico do Windows para sua empresa. Cada vez menos o Windows 98 será usado em empresas e cada vez mais o Windows 2000. Até pela infraestrutura. O Windows 2000 está muito mais bem preparado para redes, para notebooks e para Internet. Não na capacidade de acessar a Internet, mas na infraestrutura de colocar seu negócio na Rede.

neomarkets:

A Conectiva participa do desenvolvimento do Linux?

Azevedo: Participamos ativamente no desenvolvimento do Linux. Hoje temos pessoas dedicadas ao desenvolvimento da interface gráfica. Por exemplo, na última versão lançada há uma solução batizada de Cinerama que foi desenvolvida aqui por nós do Brasil. Há coisas do kernel (componente principal do sistema operacional) do Linux que tem participação ativa da Conectiva.

neomarkets:

E quanto a crescente participação do Linux no mercado de servidores de Internet?

Azevedo: Com relação ao software livre, o Bill Gates resumiu em uma frase muito interessante. Um jornalista perguntou: "E o Linux? A Microsoft não está preocupada?" A resposta foi: "Qual Linux?", no sentido qual tipo de Linux. O Linux compete bem no mercado de servidor Web porque ele vem do Unix e todo mundo que veio para a Web, vem de uma cultura Unix. Então eles têm mais facilidade de absorver essa cultura do que em outros ambientes. Eles atuam muito bem aí. Por outro lado, a Web também trabalha muito com referências. Hoje estão usando o Windows 2000 e toda a estrutura da Microsoft a Globo.com, o Submarino, Arremate.com, O Site, ou seja a Microsoft está se posicionando. A Microsoft não pretende arrancar o Unix da Web, como ela nunca pretendeu arrancar a Novell do mercado de redes.
Na questão de preço do Linux há dois fatores a serem considerados. Ele é de graça e ele é aberto. As duas coisas não são mentira, mas também não são totalmente verdade. Aberto é quase que totalmente verdade, mas de graça não é. Senão a maior empresa de Linux do Brasil (Conectiva veja entrevista no neonews 08/09/2000) não poderia anunciar na Folha de São Paulo um faturamento de R$ 70 milhões este ano. Espera aí. É de graça, mas como a empresa pode faturar tanto? A empresa ganha no suporte, nos serviços, etc. O software tem um preço. Ele é barato, mas não é de graça. Mas isso não importa. A visão da Microsoft é a seguinte: sistema operacional é como energia elétrica. Tomara que ele funcione, tomara que ele não pare. Podemos fazer um paralelo com o juiz de futebol. O melhor é aquele que você não percebe que está apitando o jogo. Se você lembrar dele, algum problema deu. Nos sistemas operacionais é a mesma coisa. É essa tranqüilidade queremos oferecer aos nossos clientes. Se você instalar o Windows 2000, dificilmente vai precisar voltar a pensar em sistema operacional.

neomarkets:

E a nova estratégia batizada de Microsoft dot net?

Azevedo: É uma nova estratégia para a comercialização e desenvolvimento de produtos. Na verdade quem manda no mercado não é a Microsoft. Quem manda no mercado é o mercado. O mercado que começa a pedir coisas novas e a Microsoft, obviamente, procura ser uma empresa de ponta. Todo mundo sabe que o mercado está indo para a Internet há três, quatro, dez anos. Hoje, definitivamente, o consumidor já enxergou que não há outra alternativa. A Internet deixou de ser apenas uma moda. Aconteceu. Nós que trabalhamos com tecnologia já sabíamos e agora os consumidores já perceberam. A Microsoft está indo para este caminho. A estratégia "dot net" vai desenvolver os software de maneira mais aberta. Primeiro, vamos usar o padrão XML, que foi escolhido como padrão não só da Microsoft, mas de todo o mercado para a transmissão de dados, como era o EDI nos mainframes. Todos os softwares da Microsoft serão baseados em XML a partir do Windows 2000. Outra coisa interessante. A dot net é totalmente voltada à devices (aparelhos). Há vários anos, o Bill Gates dizia que todo mundo teria um PC em casa. Há quatro anos, escreveu outro dizendo os devices seriam o grande lance. Ou seja, você vai poder acessar a Internet de qualquer lugar. Estão aí a Nokia, a Sangsung, Compaq, HP e várias outras grandes empresas produzindo aparelhos (hardware) com investimentos brutais. A Microsoft quer se posicionar como o melhor fornecedor de software para esses novos devices.

neomarkets:

E quanto a terceirização de software conhecida por ASP (Application Service Provider)?

Azevedo: E quanto a terceirização de software conhecida por ASP (Application Service Provider)? Além dos devices a estratégia "dot net" também prevê mudanças na comercialização. É claro que ASP já aconteceu. Os service providers estão entrando no mercado com muita força e obviamente Microsoft já está fechando parcerias com os grandes Application Service Providers para poder se posicionar nesse mercado. Com relação a venda de softwares da Microsoft, no mercado brasileiro 65% dos programas são piratas. Acreditamos que 90% do mercado pirata no Brasil seja de produtos Microsoft. Imagine se todos as pessoas que usam esses produtos pagassem R$ 15 por mês para ter todos os produtos que eram piratas legalizados. Com certeza o faturamento da Microsoft Brasil triplicaria.

neomarkets:

Como a Internet pode ajudar o pequeno empresário?

Azevedo: Eu, pessoalmente, fui durante muito tempo um pequeno empresário. Hoje, sou gerente de marketing, mas eu conheço muito bem as dificuldades de uma empresa pequena. Comecei uma empresa com três funcionários que quando eu saí tinha 130. Eu acho o seguinte: o pequeno empresário já sabe que a Internet é importante. O empresário já começou a ver as utilidades. Consegue pegar um extrato pelo home-banking, pode comprar ingressos, já acostumou a dar uma olhadinha de manhã nos jornais e depois começar a navegar. Já percebeu o benefício do e-mail.
Agora a nova fase é o business-to-business.(B2B) Todos falam isso, os nossos concorrentes estão falando, a Microsoft está falando. O B2B é nada mais do que os grandes já faziam. O Carrefour, por exemplo, mantém 85% do relacionamento com seus fornecedores de maneira on-line. Assim como o Pão de Açúcar. O grande detalhe é que o Pão de Açúcar também mantém um grande pedaço desse on-line com seus clientes também. Foi pioneiro e hoje mantém um volume de vendas absurdo. Não sei dados exatos, mas a movimentação virtual do Bradesco é maior do que qualquer agência, seja na Avenida Paulista em São Paulo, seja na Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro. A Siciliano tem 72 lojas. Sendo que 71 estão espalhadas por shoppings, aeroportos e uma é virtual. Em dois anos, a loja na Internet já está entre as dez que mais faturam e, obviamente, é a mais rentável.
Agora é a fase do lucro. Digamos que a fase fashion da Internet passou. A questão da Web não é de informática, é uma questão de marketing. Se ele fizer o site dele e acreditar que o investimento deve ser 80% no site e 20% em marketing, não vai acontecer nada. Ele tem que investir 20% no site e 80% em marketing. Aí ele vai começar a ter o retorno.

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