História : GUI
Na história recente da informática nem sempre o criador ganha dinheiro com suas invenções. Já mostramos como a IBM perdeu a chance de dominar o mercado de microcomputadores (ver neonews 24/08/2001). Nesta semana, vamos contar como a gigante Xerox criou o jeito que atualmente operamos os computadores, mas acabou não conseguindo lucrar com a invenção.
Há 20 anos, com a chegada do IBM PC, os microcomputadores tornaram-se uma ferramenta de trabalho respeitável e deixaram definitivamente de ser um hobby de garotos privilegiados. Planilhas eletrônicas e processadores de textos começaram a fazer parte do dia-a-dia de muitas empresas.
Entretanto, as máquinas ainda eram difíceis de usar. Para operar um microcomputador era preciso conhecer o "vocabulário" da máquina e a sintaxe correta para aplica-lo. Por exemplo, quando o usuário queria copiar um arquivo para outro lugar era preciso digitar algo como "copy arquivo.txt c:pasta" e apertar "enter". Uma letra errada e a operação precisava ser repetida. Assim, antes de aproveitar os benefícios da informática era indispensável passar um tempo aprendendo a "falar" com os computadores.
Atualmente, as coisas ficaram bem mais fáceis. Basta clicar com o mouse e arrastar um ícone para outro lugar. As várias opções aparecem em menus e não é preciso decorar nenhum comando como antigamente. Esse conjunto de recursos é chamado de interface gráfica (GUI, Graphical User Interface).
A GUI com pastas, janelas e ícones manipulados com um mouse foi colocada em prática pela primeira vez no Palo Alto Research Center (PARC), o laboratório que a Xerox criou em 1970 para inventar o futuro. Na época, a empresa dominava o mercado de copiadoras, mas acreditava que o negócio poderia perder rentabilidade com a substituição do fluxo de documentos em papel por arquivos eletrõnicos.
O primeiro computador com uma interface gráfica como a que você está usando neste momento foi o Xerox Alto um produto do PARC, mostrado ao público em 1979. Apesar de ser tecnologicamente impressionante não chegou a ser colocado em produção. O preço era muito salgado. Só a memória da máquina custava cerca de U$ 7 mil.
No começo dos anos 80 a empresa tentou vender outro sistema avançado baseado no Alto batizado de "The Star Office System", mas também não obteve sucesso comercial, pois custava U$ 17 mil, muito mais caro que o IBM PC, vendido na época por U$ 2,8 mil. Com esses fracassos comerciais, a Xerox desistiu e voltou a concentrar seus esforços nas copiadoras que tornaram a empresa conhecida em todo o mundo.
Mas a tecnologia produzida no PARC não seria desperdiçada. Em dezembro de 1979, a Apple Computer era a empresa de maior sucesso da microinformática (ver neonews 17/08/2001). O carro chefe da empresa, o Apple II já estava presente em escolas e residências da elite americana. Entretanto, o produto com quase 2 anos de existência, já começava a ficar velho e a empresa precisava criar algo novo para continuar competindo.
Em busca de novas idéias, o jovem que criou a Apple na garagem da casa dos pais, Steve Jobs, trocou opções de compra de ações de sua empresa por uma visita detalhada ao PARC. Durante a visita ao laboratório, Jobs conheceu muitas novidades como as redes locais e impressoras laser, mas o que mais chamou atenção dele foi a interface gráfica e o mouse.
O primeiro produto lançado pela Apple usando os conceitos criados pela Xerox foi o Lisa. Apesar de moderno, não chegou a ser produzido em grande quantidade, pois o mercado não estava preparado para pagar quase U$ 10 mil apenas pela facilidade de uso. Mas, em 1984 surgiu o Macintosh, o primeiro computador de sucesso com uma interface gráfica amigável, usando ícones, janelas e mouse. No PC, a primeira interface amigável usada em larga escala só chegou em maio de 1990, com o lançamento do Microsoft Windows 3.0, quase 6 anos depois.
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