Jornalismo cidadão e os mineiros americanos



O final triste na mina de carvão americana (veja BBC) mostrou que a imprensa tradicional precisa ser mais rigorosa no cumprimento de alguns procedimentos básicos da técnica jornalística para não perder ainda mais espaço para o jornalismo cidadão.

Por volta das 3 da manhã de hj, tinha acabado de dar um tapa no site do Candidato sem idéias próprias quando ví o anúncio do "milagre do ano novo" na CNN...

Como gosto do circo da grande mídia ao vivo acabei acompanhando até umas 4h30 a cobertura da CNN (a BBCWorld estava só com flashes dentro da programação normal).

Logo no começo da transmissão, o repórter chegou a dizer que as informações não vinham de nenhuma autoridade, mas logo embarcou em uma série de entrevistas com gente feliz creditando ao poder divino a surpreendente salvação dos mineiros americanos.

A CNN estava com duas equipes no local, comentaristas e convidados no estúdio e por telefone. Entrevistaram até a moça que estava servindo café na van do Exército da Salvação e curiosos que foram até lá "dar apoio" (e aparecer na TV).

Feliz com o final feliz, apesar de um pouco irritado com o sensacionalismo com tom fundamentalista cristão milagreiro, acabei adormecedo com a TV ligada.

Acordei com a apresentadora da CNN dizendo que foi tudo um engano. Apenas um sobrevivente... em estado grave. O boato só foi desmentido pelo CEO da mineradora 3 horas depois que os sinos da igreja badalaram comemorando o milagre.

Ou seja, dezenas de jornalistas passaram 3 horas preocupados com demagogia do espetáculo religioso milagreiro e ninguém checou a informação.

A CNN mostrou as famílias devastadas com a montanha-russa de emoções e revoltadas com a desinformação. Uma senhora chegou a negar a própria fé, decepcionada com a não realização do "milagre". Para piorar a situação a apresentadora mostrou a capa do USA Today disponível nas bancas hj.

E não foram apenas os impressos sensacionallistas populares que comeram bola. Até jornais com algum nome a zelar, como o canadense Globe and Mail publicaram a manchete errada na capa de hj.



O newseum ainda tá mostrando as capas dos jornais de ontem. Certamente esses não são os únicos a estar passando vergonha nas bancas hj.

Para a distribuição de textos há mais de 10 anos já não existe uma barreira econõmica ou burocrática.

A cobertura dos atentados de 7 de julho em Londres foram um marco na utilização de imagens, videos e informações fornecidas por cidadãos comuns no noticiário das grandes redes e em centenas de sites independentes espalhados por aí.

Nenhuma empresa de comunicação é capaz de competir com a abrangência da cobertura do jornalismo cidadão. Além disso, muitas vezes um cidadão comum conhece melhor o assunto ou o local que qualquer repórter.profissional enviado para fazer a matéria.

Seleção de assunto com inteligência artificial razoável como o GoogleNews (que agora tem versão brasileira) e concorrentes não é novidade.

Inteligência coletiva tb já é aproveitada há anos em coisas como o del.ici.ous, sites com moderação coletiva como o Slashdot, etc.

Credibilidade (aquilo que é perdido com barrigadas como a de hj) não é privilégio dos meios comunicação tradicional, como muitos acreditam até hj.

Como no mundo real, credibilidade é construída com o tempo. Um visitante que acompanha este site há alguns anos, provavelmente já podem avaliar se há coerência nas diversas opiniões expressadas aqui.

Entretanto, um novo visitante não precisa visitar este site durante anos para formar uma opinião. Basta dar uma olhada em tudo o que foi publicado buscando eventuais incoerências...

Além disso, todas as páginas tem uma área de comentários aberta onde todos os os leitores podem fiscalizar a ocorrencia de eventuais cagadas ou discordar da opinião do leitor. Isso é transparência.

Então, qual é o papel dos grandes meios de comunicação e jornalistas profissionais na ecologia da informação do futuro não tão distante?

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