Major League Eating e o Declínio do Império Americano

Li no Guardian e no estadao a nota que a AP soltou sobre a prisão do japonês campeão de concursos de comer cachorro-quente.

Takeru Kobayashi, seis vezes vencedor da competição, invadiu o palco logo após a vitória de Joey "Jaws" (mandíbula, em inglês) Chestnut e lutou com policiais. "Deixem ele comer! Deixem ele comer!", gritava a multidão, enquanto a polícia algemava Kobayashi, que é o terceiro maior profissional do mundo nesse tipo de concurso.

Apelidado de "tsunami", Kobayashi, de 32 anos, não participou da disputa neste ano porque se recusou a assinar um contrato com a Major League Eating. Em seu blog, em japonês, ele disse que queria estar livre para competir em concursos sancionados por outros grupos.

A polêmica envolvendo a Major League Eating não vai ter qualquer influência na vida dos leitores brasileiros ou britânicos, portanto nenhum dos dois jornais tinham obrigação de publicar a nota da AP.

Duvido que os editores tenham decido publicar a notícia para alertar sobre os perigos ou incentivar a criação de versões locais de organizações de comilança competitiva.

Por isso, imagino que o drama de Kobayashi ganhou destaque devido ao potencial de gerar conversas de boteco (ou bebedouro, em inglês), pois serve de exemplo da falta de limites da imbecilidade humana.

Quando eu era adolescente, a comercialização de qualquer atividade sem preocupação ética, bom senso e elegância, eram sinais evidentes do Declínio do Império Americano e catalizador para o consumo de muitas cervejas e batatas fritas.

Sim, eu sei que o ganhador do Oscar de filme estrangeiro de 1987 ironiza uma camada da sociedade presente em todos os países e culturas do mundo e não é uma crítica especifica aos Estados Unidos.

Não falo francês e, provavelmente, perdi boa parte das piadas. Entretanto, tenho certeza que entendi na época a "mensagem" do filme.

De acordo com a thecanadianencyclopedia.com, a tese é algo como "quando a preocupação com a felicidade pessoal permeia uma civilização, é sinal do seu declínio".

Although written, directed and widely received as a very funny erotic comedy,The Decline is also a film with a thesis. Denys ARCAND signals his intention with a declarative prelude. A senior historian, Dominique (Dominique Michel), is interviewed for Radio-Canada and explains that when a preoccupation with personal happiness pervades a civilization, it is a symptom of its decline, whether it is Rome, the ancien régime of 18th-century France, or now "the American Empire." What follows is a comic depiction of such preoccupations among these elite academics, and The Decline is a sharp, satirical social criticism.

Discordo... e não sei como engoli passivamente essa idéia na época.

Talvez pq a guerra fria ainda estava em pleno vigor (o muro de Berlim caiu em 1989) e havia (ainda há na cabeça dos mais crentes) um conflito entre o individual e o coletivo.

Alguns defendiam a ditadura do proletariado como única alternativa aos porcos capitalistas que bebiam champanhe e fumavam charutos graças ao sangue, suor e mais-valia do povo.

Outros propagavam o medo de um Estado com o poder de definir local de emprego, moradia, número de filhos e outras liberdades individuais em nome de um suposto bem comum...

Hoje, em tempos menos patrulhados dá para dizer coisas como:

IMHO, a preocupação com a felicidade pessoal é o que move a humanidade. Solidariedade existe pq há a expectativa de reciprocidade... Generosidade funciona pq traz uma sensação de bem estar para quem doa... Cooperação e competição não são idéias antagônicas... etc.

Progresso.

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