Nerds

Diminui a percepção de que os usuários de Internet são tímidos, socialmente ineptos e de saúde frágil. Segundo uma pesquisa realizada pela Market Analysis Brasil.

Nas principais capitais brasileiras quanto mais experientes no uso da Rede, menos os internautas fazem a imagem de um rapazinho magrelo com óculos grossos do outro lado do teclado.

Esse estereótipo está deixando de ser verdade com a popularização da Internet. O preconceito é natural. Afinal, os pioneiros do mundo virtual tinham um interesse comum pela informática, um assunto árido, abstrato e ligado à matemática, a mais odiada matéria nas escolas de todo o mundo. A Rede nasceu nas pesquisas militares e foi usada por décadas apenas por cientistas. Depois da chegada do acesso comercial, os primeiros usuários domésticos foram os fanáticos por computador que também usam uma linguagem incompreensível para a maioria dos mortais e carregam a imagem de ter problemas de sociabilização.

Mesmo antes do surgimento da Internet comercial, notou-se que novos recursos de comunicação não diminuem os relacionamentos no mundo real. No começo da década de 90, a Oracle (fabricante de equipamentos para redes de computadores) mostrou em uma feira de informática realizada em São Paulo uma das primeiras experiências de TV interativa. O sistema foi testado em uma pequena cidade americana e permitia a transmissão de filmes em tempo real, compras on-line, e-mail, fóruns e vídeo-conferências.

O maior temor dos cidadãos mais conservadores da cidadezinha era que, com esses recursos, os habitantes ficariam mais fechados em casa e tornariam menos freqüentes os encontros "ao vivo". Contudo, depois de alguns meses de uso o número de festas e reuniões sociais aumentou, provando que pontos de convivência virtuais aproximam os usuários conhecidos e criam novos laços de amizade.

Hoje, os microcomputadores estão presentes em quase todos os escritórios e casas da classe média. Os PCs deixaram de ser úteis apenas aos aspirantes à analistas de sistemas. Os micros viraram instrumento básico de trabalho para todos os dirigentes de empresas e funcionam também como fonte de entretenimento combinando em um só aparelho, fliperama (ver neonews 23/02/2001), videogame, videokê, professor de música, gravador e processador de efeitos sonoros, ilha de edição de filmes domésticos, álbum de fotografias, livro de receitas, etc.

Conectados à Internet, os computadores podem substituir os correios, poupar telefonemas internacionais, virar um "toca-discos" com uma enorme biblioteca de músicas embutida (ver neonews 15/09/2000) e uma fonte insubstituível de informação especializada sobre praticamente qualquer coisa.

As mocinhas mais preocupadas em estar na última moda podem ler a mesma reportagem sobre os desfiles de Paris que as peruas francesas. Surfistas sabem ao vivo como estão as ondas nas melhores praias. Alpinistas e praticantes de caminhada encontram dicas sobre trilhas, equipamentos e alojamentos. Donos de cachorros buscam técnicas de treinamento e opiniões sobre alimentação. Guitarristas podem aprender técnicas novas trocando idéias e visitando sites de outros instrumentistas. Doentes crõnicos e seus familiares podem encontrar apoio e dividindo seu sofrimento com pessoas que enfrentam o mesmo problema. A Internet não é mais o mundo dos nerds.