Novo Mutualismo e Internet

O novo mutualismo prega que para atingir o sonho de liberdade, igualdade e fraternidade, os benefícios individuais e coletivos devem obtidos através da mútua dependência. Assim, os monopólios sem escrúpulos, que impõem preços e regras, devem ser combatidos.

A cultura da Internet já é resistente a iniciativas de empresas poderosas capazes de prejudicar o interesse comum. O primeiro grande teste dos mecanismos que a sociedade virtual criou para proteger-se tentativas de tornar privado o bem comum foi a "Guerra dos Browsers (1996/1997)" travada entre o Netscape Navigator e o Microsoft Internet Explorer.

O objetivo das duas empresas era dominar o mercado de navegadores de Internet. Com monopólio sem regulamentação desse software básico para usar a World Wide Web (WWW), uma empresa poderia impor padrões a todas as outras, como ocorreu no sistema telefõnico dos Estados Unidos (ver neonews 19/01/2001). Bastaria tornar o navegador incompatível com recursos de terceiros, tornando inútil qualquer iniciativa criada sem o aval tecnológico da vencedora.

Mesmo contra interesses bilionários, a sociedade virtual conseguiu evitar essa desgraça. Através do órgão independente que regula o desenvolvimento da Web, o W3C (World Wide Web Consortium - www.W3.org), os usuários da Rede conseguiram forçar as duas empresas a trabalharem juntas em padrões compatíveis. O conflito comercial continuou, mas com regras benéficas para toda a comunidade.

Você provavelmente pode saber o resultado da disputa olhando o nome do programa que está usando neste exato momento. Mas para ganhar, além de ter sido obrigada a colaborar com o inimigo, a Microsoft precisou distribuir o programa gratuitamente, além de ter uma política comercial agressiva junto aos provedores de acesso e usar táticas que culminaram no processo anti-truste que pode dividir a empresa.

Mesmo com restrições, a empresa consegue lucrar com o Explorer. Parte não desprezível do grande de acessos recebidos pela página da Microsoft Network pode ser atribuído aos usuários novatos do Explorer que não sabem ou têm preguiça de mudar a página inicial do browser e a cada conexão geram uma visita para a empresa de Bill Gates. Alguns acabam gostando e continuam a freqüentar as páginas. Então, a audiência é transformada em dinheiro.

O resultado final da "Guerra dos Browsers" prova que no mundo virtual, a cidadania é tão importante quanto no real. Na Internet não há eleições ou governo para culpar. A liberdade e o desenvolvimento dependem da existência de um grande número de usuários bem informados, com idéias próprias, ética competitiva e capacidade de colaborar.

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