Paulo Bruck

Dando seqüência às entrevistas com os representantes dos sistemas operacionais mais usados nas redes de empresas, vamos ouvir o gerente comercial da Conectiva, Paulo Bruck. A Conectiva é o maior distribuidor de Linux na América Latina.

neomarkets:

O Linux é um sistema operacional aberto e gratuito. Como a Conectiva se sustenta?

Bruck:

Vendemos um kit de Linux que custa R$ 88 reais. Não cobramos pelo sistema operacional, que é gratuito. Neste preço é referente à prestação de serviços, manuais, CDs, etc. Outra fonte de receita é a "Revista do Linux" que pode ser encontrada em qualquer banca de jornal. A Conectiva ganha dinheiro no treinamento, consultoria e suporte, não no produto.

neomarkets:

A Conectiva participa do desenvolvimento do Linux?

Bruck: Participamos ativamente no desenvolvimento do Linux. Hoje temos pessoas dedicadas ao desenvolvimento da interface gráfica. Por exemplo, na última versão lançada há uma solução batizada de Cinerama que foi desenvolvida aqui por nós do Brasil. Há coisas do kernel (componente principal do sistema operacional) do Linux que tem participação ativa da Conectiva.

neomarkets:

Porque gastar recursos para desenvolver o sistema, se a empresa poderia simplesmente aproveitar o que já foi feito por outras empresas??

Bruck: A Conectiva entendeu, desde 1995, que só iria para frente tendo infra-estrutura como centros de treinamento e suporte. Se você vende um produto que você não conhece, a comunidade vai falar: o produto pode ser muito bom, mas quem é que vai dar suporte. Como posso dar suporte de alguma coisa que não conheço? O Linux tem um espírito de comunidade. Existem coisas que a Conectiva desenvolve que são usadas por outras distribuições e há coisas feitas por outras empresas que nós incorporamos aos nossos pacotes.

neomarkets:

Mas o que estimula este sistema. Qual é o segredo?

Bruck: A conectiva nasceu com a distribuição do Red Hat (um pacote de Linux feito nos Estados Unidos). Apenas, traduzíamos para o português e fornecíamos treinamento. Mas com o tempo, percebemos que no Brasil, você tem muitos tipos de monitores, placas de vídeo, placas de rede que não existiam no mercado americano. Então, precisamos adaptar o sistema para as condições brasileiras. Foi assim que nasceram a maioria das distribuições existentes em várias partes do mundo.

neomarkets:

As empresas que vendem sistemas operacionais pagos como o Windows e o Netware alegam que o Linux é de graça, mas o suporte é caro e no final das contas os produtos da Microsoft e da Novel acabam saindo mais barato. Qual é argumento da comunidade Linux?

Bruck: É muito simples. Vou dar um exemplo. Qual é empresa que dá suporte durante 90 dias por e-mail e fax, mais duas horas por telefone por R$ 23? A Conectiva. Se o suporte é tão caro como conseguimos manter estes preços? O Linux acaba saindo mais barato. O modelo de negócios das empresas de software proprietário é a venda de licença de uso. Supondo um sistema com um servidor e umas 25 estações de trabalho. Em uma plataforma não Linux você vai gastar cerca de R$ 38 mil com licenças. A instalação, personalização e treinamento vão custar ainda cerca de R$ 20 mil. No Linux o custo das licenças é zero. Lembre-se que poderíamos cobrar R$ 30 mil por elas. Nosso foco é em serviços. Mesmo que nosso suporte custe 50% a mais, digamos R$ 30 mil. Mesmo assim a solução total para o cliente é mais barata.

neomarkets:

É mais barata, mas é melhor?

Bruck: Ela é melhor para o usuário, para quem vende hardware e para quem trabalha com serviços. Para se ter uma idéia, o Linux nasceu em 1991 e começou a se tornar popular em 1993. No começo de 1999, 13% dos servidores no mundo usavam Linux. No final do ano passado, a fatia de mercado do sistema operacional cresceu para 25%. Será que há vários gerentes de CPD loucos ao redor do mundo? Motivos existem pela opção pelo Linux. Alguns deles: custo, performance, robustez, interoperabilidade com outros sistemas operacionais.

neomarkets:

Qual é o próximo desafio do Linux?

Bruck: Aumentar a participação no mercado de servidores e em paralelo o de desktops.

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