Fábio Zanon no Centro Cultural São Paulo nesta quarta

Para divulgação imediata:

Recital
FABIO ZANON, violão
Centro Cultural São Paulo - Sala Jardel Filho
Rua Vergueiro, 1000 (Estação Vergueiro)
Quarta-feira, 17 de novembro, 21:00
Ingressos: grátis, com retirada 1 hora antes

Um programa de música britânica e espanhola para violão.
É um evento significativo pela estréia paulistana de um dos mais importantes compositores da atualidade, Nicholas Maw.
Nicholas Maw, nascido na Inglaterra em 1935, cedo em sua carreira voltou as costas ao experimentalismo corrente e desenvolveu uma linguagem complexa e personalíssima, que se serve da herança do século XIX como uma recorrente referência de questionamento estético. Sem ser vanguarda e longe de ser um acadêmico árido, Maw é presença constante no repertório de músicos como Sir Simon Rattle e Joshua Bell.
É autor de obras seminais dos últimos 30 anos, em especial a Odissey para grande orquestra (gravada por Rattle) e a ópera "A Escolha de Sofia", recentemente estreada no Covent Garden em Londres, com Angelika Kirschlager no papel principal.
Music of Memory é uma das obras de maior densidade compostas para o violão nos últimos anos, e marca a estréia de Nicholas Maw para o público brasileiro.
Maiores informações sobre Nicholas Maw em http://www.bbc.co.uk/music/profiles/maw.shtml
Mais comentários sobre Music of Memory abaixo.

PROGRAMA

FABIO ZANON, violão

Robert JOHNSON: Alman I & II (à€˜Hit and take ità€™); Carman´s Whistle

William BYRD: Pavan; Lord Willoughby´s Welcome Home

Peter PHILLIPS: Cromatica Pavan: Galliard to the Cromatica Pavan

John DOWLAND: Sir John Smith´s Almain

Nicholas MAW: Music of Memory (1989)

II

Oscar ESPLÁ: 2 Impresiones Levantinas

Antonio RUIZ-PIPÓ: Canción y Danza no.1

Federico Moreno TORROBA: Piezas Características

Isaac ALBÉNIZ: Torre Bermeja
(fim)

Comentários:

Música Britânica

Johnson, Byrd, Phillips e Dowland
Os últimos anos do longo reinado de Elizabeth I (até 1603) e o de seu sucessor, James I (1603-1625), marcam a à€œépoca de ouroà€ da música britânica. O interesse da corte e da aristocracia criou condições para florescimento de compositores de extraordinária inventividade e sofisticação. Apesar do domínio da música vocal, há também uma enorme produção para o virginal (um delicado instrumento de teclado), para as viols (instrumentos de arco aparentados aos violinos e cellos) e para o alaúde (tio-avô do moderno violão). A riqueza de detalhe desta música se adapta com facilidade aos recursos do violão, que tem uma afinação bastante próxima à do alaúde renascentista. Dowland e Johnson eram alaudistas à€“ Dowland o maior de todos -, mas Byrd e Phillips não; suas obras são originais para teclado, mas já eram bastante populares, na época, em versões para alaúde, realizadas por alaudistas contemporâneos como Francis Cutting e Edward Collard. Desavenças políticas e religiosas afetaram profundamente a vida dos artistas deste período: Johnson foi o único a conquistar um emprego fixo na corte; Byrd, Phillips e Dowland, por serem católicos, tiveram de se adaptar. Byrd retirou-se a uma pequena comunidade rural, compondo na obscuridade; Phillips fixou-se em Antuérpia; Dowland trabalhou por muitos anos na Alemanha e na Dinamarca, e mais tarde mudou de religião para voltar com segurança à Inglaterra.

Nicholas Maw
Podemos dizer com segurança que a segunda à€œépoca de ouroà€ da música britânica é o século XX, com uma sucessão de grandes compositores, a começar por Britten. Nicholas Maw é um dos mais significativos compositores da atualidade. Ao contrário dos seus colegas da vanguarda britânica, Maw dá as costas ao experimentalismo e reverte ao Romantismo como uma eterna fonte de questionamento estético. Music of Memory introduz a música de Maw ao público brasileiro. A partir de um tema de Mendelssohn, ele tece uma complexa sucessão de variações/meditações, que nos remetem ao patrimõnio da música clássica ocidental, ao mesmo tempo em que cada uma delas relaciona-se, de maneira engenhosa, ao tema de Mendelssohn e à própria personalidade musical de Maw. Ou seja, a obra é um estudo da relação entre a memória remota e a memória imediata. É uma peça longa, densa e que apresenta enormes dificuldades para o intérprete, mas que já nasceu como uma das grandes obras-primas da história do violão.

Fragmento de uma crítica do jornal The Independent sobre a apresentação desta obra por Fabio Zanon no Wigmore Hall em Londres, em fevereiro deste ano:

"The climax of his recital was another British work: Music of Memory by Nicholas Maw. Composed in 1989 for the American guitarist Eliot Fisk, this continuous fantasy-variation structure on the little E-minor Cavatina from Mendelssohn's String Quartet, Op 13, runs to more than 20 vastly demanding minutes. Yet, as Zanon knitted together the work's array of textures and playing techniques, and its allusions to many forms, from fugue to funeral march, in a tour de force of mounting intensity, he convinced us that Music of Memory was indeed born as a classic, and asserts the guitar as one of the major forces in the musical production of the last decades". (Bayan Northcott)

Música Espanhola

Esplá e Ruiz-Pipó
A Espanha tem muito em comum com o Brasil na área de música clássica. Como Villa-Lobos aqui, a importância de Manuel de Falla obscureceu o trabalho de excelente qualidade da geração seguinte à€“ a geração de Esplá, Ruiz-Pipó e Torroba. Felizmente, muito desta grande música sobrevive no repertório do violão. Esplá e Ruiz-Pipó têm em comum uma formação fortemente influenciada pela música francesa. As Impresiones Levantinas de Esplá, originalmente parte da série Levante, para piano - mas transcritas para o violão com a aprovação do compositor - traduzem em música a luminosidade mediterrânea e a atmosfera nostálgica do Alicante, a terra natal que ele tanto amava. Nascido em Granada, Ruiz-Pipó era um excelente pianista e um estudioso da música antiga espanhola. Esta Canción y Danza no.1 projetou seu nome como compositor para violão, e oscila entre o arcaismo proposital e a vivacidade dos ritmos de dança tipicamente valencianos.

Moreno Torroba
Torroba é o último grande expoente da zarzuela, o tipo de opereta leve, humorística e sensual tipicamente ibérico. A leveza de toque necessária ao gênero está presente também na sua imensa produção para o violão, que é admirada em todo o mundo. Estas Piezas Características, escritas para Segovia em 1930, combinam o dom melódico de Torroba a um engenhoso projeto formal, em que fragmentos das 5 primeiras peças são escutados, de forma modificada, na peça final, Panorama. O efeito do todo é o de uma atmosfera a um tempo cintilante e onírica.

Albéniz
Albéniz foi um dos mais fascinantes personagens do Romantismo musical. Sua imensa produção para piano faz todo o trajeto da música de salão de sua juventude à qualidade visionária de sua última obra, a suíte Iberia. Torre Bermeja está em algum ponto entre estes dois extremos. É uma obra de vivacidade contagiante, onde uma longa melodia brota de um convulso acompanhamento harpejado, trazendo consigo ecos do bairro cigano que se descortina à vista do observador posicionado à torre do palácio do Alhambra. Estas versões para violão são tão admiradas que nos fazem esquecer que Albéniz nunca escreveu uma nota sequer para o instrumento.

Comentários

Um dos problemas atuais da música "séria" no Brasil (e talvez no mundo) é dificuldade de acesso à produção contemporânea ou mesmo do passado recente.

Nada contra o que todo mundo está acostumado a ouvir... Nada contra Bach, Beethoven, Mozart, etc.

Entretanto, esses sons centenários ocupam quase todo o espaço e quase ninguém ouve coisas diferentes... e há montes de coisas interessantes... e nem precisam ser atonais, como foi demonstrado ontem na introdução à obra do Nicholas Maw que tive o privilégio de ouvir ontem.

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