A BBCWorld acaba de informar a morte do diplomata. Foi-se mais um brasileiro competente. Veja o currículo, os perfis da BBC e Guardian, estas entrevistas para a IRIN (serviço de informações dos esforços humanitários da ONU) publicada no site eletroniciraq.net e para a Agência Estado sobre o trabalho dele no Iraque e estas notas.
Normalmente, não fico chateado com a morte de gente que eu não conheço pessoalmente. Faz parte da profissão. Lembro que, ainda estudante, na primeira semana de trabalho na Rádio Eldorado, meu primeiro emprego como jornalista, fiquei muito sentido com os mendigos que morriam de frio durante as madrugadas paulistanas. O tempo passa e a morte começa a fazer parte da rotina. Como os médicos, jornalistas acabam criando uma distância emocional do objeto de trabalho para enfrentar o dia-a-dia sem enlouquecer.
Entretanto, de vez em quando sou pêgo com a guarda baixa. Ouvi falar do Sérgio Vieira de Mello pela primeira vez quando ele assumiu a reconstrução do Timor. Desde então, tenho acompanhado a carreira do diplomata com admiração. Era o que eu queria ser quando crescer: um sujeito competente e discreto trabalhando para o bem da humanidade.
Espero que alguém cobre os milicos americanos, os responsáveis pela segurança dos funcionários da ONU no Iraque. Os caras são bons em matar cinegrafistas e civis, mas não tem treinamento ou vontade para a única função eticamente aceitável para a força bruta em um mundo teoricamente civilizado: a manutenção da paz. Como diabos um carro bomba estaciona embaixo da janela de uma autoridade internacional? Será que a ONU tinha um esquema de segurança semelhante ao do Paul Bremer?
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