Há 95 anos chegou ao porto de Santos o navio Kassato Maru trazendo os primeiros imigrantes japoneses. Desde então muita coisa mudou... tem um monte de gaijin que come peixe crú e arroz grudado e lamen (miojo). Não são raros os restaurantes por quilo daqui de São Paulo que oferecem coisas como tofu, shoyu, moyashi (broto de feijão) e aji no moto sem despertar a curiosidade típica dos produtos exóticos... O Brasil ganha medalhas no judõ e no tênis de mesa, tem times de baseball que exportam jogadores para equipes profissionais nos EUA, Canadá e Japão...
Mesmo entre os membros mais conservadores da "corônia" (aqueles que só namoram e casam com outros descendentes de imigrantes, participam de campeonatos de Karaokê, tocam Taikõ, etc) não se sentem japoneses. O fenõmeno dekassegui deixou isso bem claro: são poucos os que foram tentar juntar dinheiro na terra dos avós que não voltam com saudades da terra do futebol, carnaval e samba...
Quando minha mãe quando visitou o Japão muita gente achava engraçado o jeito que ela fala... As expressões, o respeito à gramática e o sotaque são da primeira metade do século XX... Reclamou tb do tempero da comida... Os pratos são parecidos, mas as receitas que eu comia na casa da minha avó tiveram que ser adaptadas às coisas disponíveis no Brazil...
A "corônia" tem uma identidade distinta. Uma mistura estranha da formalidade rígida da cultura japonesa anterior ao plano Marshall e a informalidade alegre e carinhosa do Brasil. Um modelo de sociedade que para adiar seu fim inventou os Kamikases se adaptou ao paraíso hedonista onde até hj grande parte da população dá mais valor à bunda do que a cérebro.
Leia o especial no estadao.com, o artigo “A imigração japonesa: passado, presente e futuro” feito pelo professor da São Francisco, Masato Ninomiya, no site do site do consulado do Japão no Rio. Veja mais imagens do álgum de fotos do meu avô aqui.
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