Minhas impressões sobre a passeata pela paz em SP

Os números nos jornais variam de 5 a 30 mil pessoas. Meu chute feito na hora foi de 10 mil. De qualquer modo foi um sucesso. Marcamos nossa posição contra a guerra.

A caminhada foi pacífica e animada, apesar da falta de organização por parte da polícia e da CET.

As ruas que cruzam a Brigadeiro Luis Antonio, em direção ao Ibirapuera, foram fechadas pela própria manifestação.

Na Paulista, Brigadeiro e Pedro Álvares Cabral, õnibus e carros particulares ficaram presos no meio dp povo sem qualquer orientação das autoridades da cidade.

Cheguei ao MASP por volta das cinco horas, no finalzinho do discurso do senador Suplicy, mas não consegui entender nada porque o carro de som do PSTU estava tentando, sem sucesso, fazer com que a multidão repetisse suas palavras de ordem contra o capitalismo e o imperialismo americano.

Bandeiras do PCdoB e do PSTU tremulavam. Lembrei de uma das primeiras lições que aprendi no movimento estudantil.

Um alto-falante vale mais que mil pessoas. Estavam presentes dois carros de som. Infelizmente. Os militantes eletronicamente amplificados fizeram desaparecer as palavras de ordem espontâneas de grupos menos organizados.

Outro problema foi um insistente "Chega de bomba, chega de ataque, fora o imperialismo DO Iraque". A intenção com certeza era "Fora imperialismo NO Iraque". Acho que seria melhor "Imperialismo! Fora do Iraque".

Os não engajados, famílias de classe média com crianças, um pessoal da terceira idade e alguns que portavam posters baixados da internet estavam visivelmente relutantes em se unir a multidão socialista. Afinal estavam lá para caminhar pela paz e não pelo fim do capitalismo.

Entretanto, vergonhosa mesmo foi a iniciativa do capitalismo marqueteiro de tentar tirar uma casquinha do movimento. Uma revista feminina popular distribuiu balões e adesivos cor de rosa com os dizeres "Revista Criativa pela paz". Que cara de pau.

Quando a passeata começou fui procurar o "meu lugar". Estava buscando ficar mais próximo de pacifistas ou outros movimentos sociais mais próximos das minhas crenças libertárias.

Vi algumas feministas, uns gays espalhados, punks anarquistas organizados, judeus, defensores da palestina, greenpeace e care, mas acabei me decidindo por um grupo que estava tocando e dançando frevo, logo atrás de uns novos hippies que pregavam a harmonia galáctica.

Encontrei uma amiga na esquina da Paulista com a Brigadeiro. Comecei a bater papo e perdi o pessoal do frevo. Fomos alcançados pelo carro de som, nesse momento, além do "fim do Imperialismo DO Iraque" começaram a fazer referências a "charutos cubanos" que deveriam ser introduzidos em partes íntimas dos "americanos".

Chegamos ao Monumento às Bandeiras e ficamos sentados na grama observando os jovens representantes de dezenas de movimentos escalarem a obra de Victor Brecheret. Algumas siglas eu nunca tinha ouvido falar, como o MSTU. Dei uma procurada agora na internet. É Movimento dos Sem-Terra Urbano.

Depois de fazer algumas observações irônicas e eróticas sobre a posição de alguns manifestantes sentados sobre os índios, negros, portugueses e cavalos do "empurra empurra", fomos até o destino final: o Obelisco.

Lá já estavam Hare Krishnas, uma grande batucada e os dois carros de som. Missão cumprida. Ajudamos a salvar o mundo do W. Por volta das 19h, subi na minha bicicleta e voltei para casa.

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