Lance Armstrong, Tour de France e o dopping
'cabei de ver no Globoesporte. Notinha de 30 segundos. De acordo com o telejornal esportivo da TV Globo, todos os títulos do Tour de France do heptacampeão Lance Armstrong serão cassados.
O apresentador disse que o americano não ia se defender das acusações de dopping e os franceses dariam a vitória para os segundo colocados.
Imagino a reação do Paulo... e concordo com ela. Tb não tenho acompanhado o mundo do ciclismo nos últimos anos (e tb não tenho andado de bicicleta), mas tô do lado do Lance.
(((Disclaimer: Minha opinião (e a do Paulo, provavelmente) foi formada em inglês. Informações e interpretações dos fatos vieram principalmente de revistas americanas e britânicas. Não sei falar francês, portanto não conheço direito o lado dos os comedores de queijo))).
Tour de France é a prova mais importante do calendário anual do ciclismo profissional. A competição rola há mais de 100 anos e há dezenas de histórias de vitórias legendárias e derrotas gloriosas.
Por outro lado, há tb uma grande quantidade de exemplos de desonestidade e tentativas de alterar o resultado de maneira artificial.
A coisa do dopping já era destaque em 1967 quando o britânico Tom Simpson morreu de exaustão na subida do Monte Ventoux. Na autópsia descobriram que provavelmente a causa foi uma combinação de anfetaminas, álcool e diuréticos.
Em 1999 todo o mundo do ciclismo estava sob suspeita. Meses antes do Tour, o grande Marco Pantani foi desclassificado do Giro d'Italia por estar com uma quantidade de células vermelhas no sangue maior que o normal (um sinal de uso de EPO).
Marqueteiros ameaçaram não achar uma boa idéia ter a marca associada ao ciclismo e os cartolas anunciaram medidas severas para controlar o dopping tentando recuperar a credibilidade do esporte.
1999 foi o ano da primeira das 7 vitórias consecutivas do Lance. Ou seja, todas as vitórias foram obtidas sob um regime de fiscalização rigoroso.
Como o americano nunca foi popular na França, duvido que os cartolas franceses tenham deixado algo passar batido entre 1999 e 2005. Há 13 anos não existe prova definitiva de dopping.
Se o Lance conseguiu burlar as regras durante tanto tempo, os responsáveis pelo cumprimento das regras são incompetentes.
Se a fiscalização não funciona, provavelmente, o Lance não seria o único a usar drogas para melhorar a perforance atlética.
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Comentários
Covarde Anônimo (não verificado)
sex, 24/08/2012 - 19:34
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E de fato vi a noticia pelo
E de fato vi a noticia pelo lado/visão anglo. Desconheço a visão francesa sobre o assunto, ou até conheço mas é irrelevante, e a frase de hoje do francês, penta-campeão do Tour de France, Bernard HInault reflete o pensamento francês sobre o tema, “I couldn’t give a damn,” said Bernard Hinault, himself a five-time Tour de France champion.
The French cycling icon, who won the Tour in 1978, 1979, 1981, 1982 and 1985, told a French website. “It’s his problem, not mine. This is a problem that should have been sorted out 10 or 15 years ago but which never was.”
Entendo que dessa vez o contexto da situação e muito mais americano/global que francês. Sob uma roupagem moralista, puritana a agencia anti-doping americana, USADA, apoiada pela agencia anti-doping global, WADA, usou o caso Lance para mostrar ao mundo que podem ir até a ultima instância, ignorando as posições e jurisdições da USA Cycling, ou a UCI, federação americana de ciclismo e a confederação mundial respectivamente. Uma disputa politica entre as entidades e escolheram um caso emblemático para ilustrar tudo isso. Discutível também visto que como mencionado na nota, se todo o sistema de testes não mostrou nada, ele é todo frágil. O sistema político parece mais sólido que o técnico.
Esse recado da USADA e da WADA não foi para o ciclismo mas para todos os esportes, comitês, e confederações.
Ignorado foi o ciclismo nesse tema, pois ao desclassificar o Lance dos 7 Tours, para quem dariam os titulos, ja que até as 7, ou 8 colocações imediatas são de já confessos dopados? Ulrich, Beloki, Zulle, etc. Enfim se adotarem o mesmo princípio (testemunhos, confissões de ex-colegas, etc) não sobraria muito da história do esporte recente intacta, ou até uns 40 anos para trás.
Parte do que hoje é doping era amplamente aceito, tolerado e em alguns casos até legalizado (EPO) por alguns comitês olímpicos até alguns anos atrás. Havia o que era preservação da saúde do atleta, separado por uma linha tênue do que ia além disso. Caso Pantani mencionado. Atletas eram medidos pelo volume de hematócritos, por exemplo, o limite entre a saúde, e a fraude era 50% ou 52%, no caso do ciclismo, e escolha do atleta para quanto ele queria ser testado, acima disso, era fraude, suspeita de doping etc.
Se o ponto da USADA for valido, vamos tirar esses esqueletos todos por aí, inclusive em outros esportes e começar a discutir. Não sei e não quero especular, mas foi o que fizeram. se os testes forem bons e corretos acho que estão todos limpos. Seria como dirigir por 20 anos na rodovia sem levar muita de radar e depois a policia bater na sua porta com testemunhos de que você excedia a velocidade e que tem dez testemunhas que afirmam isso, e só eu fosse pego, outras pessoas inclusive já multadas estariam ok. Algo assim foi esse caso. Se isso for valido tenho medo do que possa acontecer com o maior ciclista dos anos 90, ou dos anos 80 ou dos anos 70, etc. Talvez a ação da USADA a longo prazo seja interessante, fim da hipocrisia, ou das drogas de performance no esporte mas a maneira de fazer, foi um desastre para o meu esporte. O Lance ganhou os 7 Tour de maneira justa do ponto de vista esportivo com certeza (olhemos os dez colocados atrás dele), era sem duvida o melhor atleta da época e combateu os melhores, alguns impostores pelo excesso de drogas de performance mas na sua maioria também estavam la disputando a competição nas mesmas condições e sob os mesmo testes anti-doping. Acho que ia preferir se os trabalhos fossem dirigidos ao futuro do esporte e não ao passado altamente complicado de mexer, e agora injusto já que só foi tocada na parte que interessava a alguns grupos, a parte Lance Armstrong. E pode ser feito como fez o time Garmin, o time High Road/HTC, o time Sky, a British Cycling (federaçao britânica que brilha com seus atletas limpos ja fazem 03 olimpiadas, a BMC e tantas outras entidades. Esse assunto não terminou pois o Chefe da Equipe do Lance Armstrong acusado no mesmo processo ainda vai disputar no tribunal desportivo superior e tudo virá mais uma vez "ajudar" a "consertar" o passado. Como sou um crente na vida e no ser humano e adoro os esporte à bicicleta, e ainda acho que podemos curtir o melhor dos tempos atuais no Ironman, vou torcer remotamente por uma reversão do caso e que o Lance Armstrong ainda dispute alguns triatlons. No "meu pelotão" ele será bem vindo, como são outros ex-colegas de equipe dele com que já pedalei inúmeras vezes na Europa e no USA.
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