Cidadãos invisíveis

Tinha acabado de escrever a nota anterior e o maratimba me mandou esta entrevista no ex-DiPo com o psicólogo social da USP, Fernando Braga da Costa, que passou 8 anos trabalhando como Gari para demonstrar a existência da “invisibilidade pública”, ou como não vemos os trabalhadores braçais como índivíduos.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar não senti o gosto da comida voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando — professor meu — até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

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Comentários

E a auto-estima dos jornalistas desempregados/freelas?

Vamos imaginar o cara que nem gari é.... O desempregado que sabe não ter nenhuma função social reconhecida - o cara sentado em um banco de praça sem ter o que fazer... Olhado como um possível criminoso, principalmente se não tiver uma aparência socialmente "adequada". Esse está lascado.

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