Sérgio Vieira de Mello está morto

A BBCWorld acaba de informar a morte do diplomata. Foi-se mais um brasileiro competente. Veja o currículo, os perfis da BBC e Guardian, estas entrevistas para a IRIN (serviço de informações dos esforços humanitários da ONU) publicada no site eletroniciraq.net e para a Agência Estado sobre o trabalho dele no Iraque e estas notas.

Normalmente, não fico chateado com a morte de gente que eu não conheço pessoalmente. Faz parte da profissão. Lembro que, ainda estudante, na primeira semana de trabalho na Rádio Eldorado, meu primeiro emprego como jornalista, fiquei muito sentido com os mendigos que morriam de frio durante as madrugadas paulistanas. O tempo passa e a morte começa a fazer parte da rotina. Como os médicos, jornalistas acabam criando uma distância emocional do objeto de trabalho para enfrentar o dia-a-dia sem enlouquecer.

Entretanto, de vez em quando sou pêgo com a guarda baixa. Ouvi falar do Sérgio Vieira de Mello pela primeira vez quando ele assumiu a reconstrução do Timor. Desde então, tenho acompanhado a carreira do diplomata com admiração. Era o que eu queria ser quando crescer: um sujeito competente e discreto trabalhando para o bem da humanidade.

Espero que alguém cobre os milicos americanos, os responsáveis pela segurança dos funcionários da ONU no Iraque. Os caras são bons em matar cinegrafistas e civis, mas não tem treinamento ou vontade para a única função eticamente aceitável para a força bruta em um mundo teoricamente civilizado: a manutenção da paz. Como diabos um carro bomba estaciona embaixo da janela de uma autoridade internacional? Será que a ONU tinha um esquema de segurança semelhante ao do Paul Bremer?

Comentários

"Só os Estados Membros Podem Fazer a ONU Funcionar". Por : Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
« A preponderância militar dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha não deve levar-nos a pensar que a estabilidade internacional pode ser assegurada pela força. Se quisermos que o sistema internacional se baseie em algo mais do que a força ou o poder, os Estados terão de regressar à instituição que criaram: as Nações Unidas. Essa instituição enfrenta uma crise grave, pelo que ou se encontram maneiras de a resolver ou se têm de suportar pesadas consequências. Os debates sobre o Iraque, tanto antes da guerra como agora, demonstraram que as grandes potências foram incapazes de comunicar entre elas utilizando uma linguagem comum. E isto tem sido mais flagrante no seio das instituições globais. Desde a criação da ONU, o Conselho de Segurança foi responsável pela segurança e a Comissão de Direitos Humanos foi encarregada da protecção dos direitos humanos. Todavia, no caso do Iraque, o Conselho foi, e aparentemente continua a ser, incapaz de chegar a acordo sobre a segurança e o papel da ONU. Do mesmo modo, a Comissão de Direitos Humanos, cuja sessão anual terminou na sexta-feira, demonstrou a sua incapacidade de discutir os direitos humanos. Será que existe uma maneira de renovar, ou de reinventar, uma linguagem comum, que nos permita sair do impasse actual? Julgo que existe, desde que mudemos radicalmente a relação entre segurança e direitos humanos. No Conselho de Segurança, os debates incidiram sobre as armas de destruição maciça, uma questão clássica que lhe é muito familiar, desde a sua criação. Mas os seus membros não puderam, ou não quiseram, imaginar que o seu mandato ultrapassasse essa visão estreita. O Conselho não abordou as numerosas questões de evidente interesse para os seus membros, como a ausência de democracia no Iraque e as frequentes campanhas de terror contra os opositores políticos, reais ou imaginários, levadas a cabo pelo governo de então. Também não conseguiu abordar um assunto mais vasto: como lidar com os perigos graves para a paz e a segurança internacionais que representava um regime que violava de forma flagrante os direitos humanos dos seus cidadãos e que, levado pela tendência da brutalidade para ultrapassar fronteiras, chegara a atacar os seus vizinhos. No final, os principais participantes no debate deram a impressão de estar a falar de uma coisa, enquanto tinham outra em mente. Talvez os membros do Conselho de Segurança tenham entendido que era mais lógico discutir as questões de direitos humanos no âmbito da Comissão de Direitos Humanos. Mas nesta última sessão, muitos dos 53 Estados representados na Comissão sustentaram que não lhes competia debruçar-se sobre o Iraque, uma vez que o Conselho já se ocupava do problema. Outros defenderem que as questões ligadas ao Iraque tinham mais que ver com segurança do que com direitos humanos e, portanto, eram da responsabilidade do Conselho. Outros ainda sustentaram que o problema dos direitos humanos no Iraque era fundamentalmente uma questão de guerra à€“ dado o elevado número de baixas civis à€“ e não de violações desses direitos cometidas antes dela, no país. Mas, fosse qual fosse o argumento invocado, o desejo manifesto da maior parte dos Estados, tanto aqui, em Genebra, como em Nova Iorque, foi evitar iniciar uma discussão sobre os direitos humanos no Iraque. Durante as semanas que precederam a guerra no Iraque, falei com muitos dos principais actores nos debates do Conselho de Segurança. É óbvio, mas talvez valha a pena recordá-lo aqui, que nenhum deles expressou a menor animosidade contra a ONU; nenhum desejava que o Conselho de Segurança falhasse na tentativa de chegar a um consenso sobre o Iraque. O que não conseguiram foi encontrar uma maneira de abordar o problema à€“ de o enquadrar politicamente à€“ para alcançar um consenso. O impasse na Comissão de Direitos Humanos foi semelhante, talvez ainda mais grave. O que faltou a ambos os órgãos foi uma maneira de conceptualizar a segurança em termos de direitos humanos e de reconhecer que as violações flagrantes e sistemáticas dos direitos humanos se encontram, com frequência, no cerne da insegurança interna e internacional. O problema não é novo. Basta examinar a lista dos fracassos mais recentes das Nações Unidas, como a sua incapacidade de impedir o genocídio no Ruanda e o massacre de Srebrenica. O que têm esses fracassos em comum? Nos dois casos, tratou-se de situações de emergência, seguidas de horríveis carnificinas, cuja natureza não se enquadrava nos esquemas conceptuais do Conselho de Segurança nem da Comissão de Direitos Humanos. Não constituíam ameaças à segurança internacional no sentido reconhecido convencionalmente e compreendido pelo Conselho; e a Comissão de Direitos Humanos também não conseguiu ter a menor influência no desenrolar implacável dos acontecimentos. Foi esse o maior fracasso da nossa época: a impossibilidade de compreender a ameaça que as violações flagrantes e sistemáticas dos direitos humanos representavam para a segurança e a incapacidade de alcançar qualquer consenso sobre a maneira de responder a esse tipo de risco. E, agora que as vítimas no Iraque se contam aos milhares, não podemos deixar de constatar que o preço do nosso fracasso, que já era tragicamente elevado, está a aumentar. Devemos virar-nos para os Estados Membros das Nações Unidas, especialmente para os que são membros do Conselho de Segurança à€“ sobretudo a China, os Estados Unidos, a França, o Reino Unido e a Rússia à€“ para que eles se interroguem sobre esse fracasso e tentem superá-lo com base nas suas responsabilidades e não nas suas rivalidades. Criticar as Nações Unidas por não terem conseguido alcançar um consenso sobre o Iraque é passar ao lado do problema. Quando os Estados Membros ignoram as suas próprias regras de jogo ou desmantelam a sua própria arquitectura política colectiva, é injusto culpar a ONU ou o seu Secretário-Geral, cujos bons ofícios não são solicitados tão frequentemente quanto seria de desejar. Kofi Annan tem defendido incansavelmente o consenso sobre estas questões vitais, mas não pode impor esse consenso. Tal como eu não estou em posição de exercer a menor pressão sobre a Comissão, cujos mandatos são executados pelo meu Gabinete mas sobre a qual não tenho o menor poder de decisão ou de controlo. Em ambos os casos, o poder está à€“ e muito bem à€“ nas mãos dos Estados Membros e só deles. É a eles que compete encontrar uma maneira de o exercer, colocando os direitos humanos no cerne do conceito de segurança interna e internacional. Os Estados Membros das Nações Unidas têm uma oportunidade única. Pelas suas acções recentes, revelaram uma vez mais as deficiências da instituição que criaram, ao mesmo tempo que salientaram algumas das suas qualidades. Todos os Estados, em particular os membros do Conselho de Segurança, deviam aproveitar esta oportunidade para se debruçar seriamente sobre as suas relações e para ponderar maneiras de empreender uma reforma. As definições da segurança pouco adaptadas às realidades contemporâneas revelaram a sua inutilidade, na crise que acaba de atingir o mundo. Hoje em dia, é a população iraquiana, que já sofre há tanto tempo, que suporta as consequências, primeiro, da guerra, e, agora, de uma paz contestada e controversa. Não pode deixar de ser evidente que chegou a altura de todos os Estados redefinirem a segurança global, colocando os direitos humanos no centro deste debate. Para isso, cada nação deve exercer as suas responsabilidades de uma maneira proporcional aos seus meios. Só então os Estados responsáveis à€“ e não aqueles que são meramente mais fortes à€“ serão capazes de oferecer uma estabilidade duradoura ao nosso mundo». (www.unhchr.ch/news). afixado by monica anderson(anderson_monica_ny@yahoo.com).

Sergio Vieira de Mello, tal como o Secretário Geral das Nações Unidas Dag Hammarskjold , assassinado em 1961 no Congo, tinha um sentido de responsabilidade e de missão ao serviço da Paz e dos Homens.
“Dag Hjalmar Agne Carl Hammarskjold (pronounced HAM-mar-shold) , 1905-1961, the son of the Prime Minister of Sweden. He studied law and economics, and taught economics at the University of Stockholm. He became president of the board of the Bank of Sweden, then Minister of State, then head of the Swedish delegation to the United Nations, and then Secretary General of the United Nations. In 1960 the Belgian Congo (now Zaire) became independent, and civil war promptly broke out). Hammarskjold went in to negotiate a cease-fire, and was killed in a plane crash in Zambia on 18 September 1961(...)”. J.Kiefer
*”You who are over us, You who are one of us, You who are also within us, May all see you in me also, May I prepare the way for you, May I thank you for all that shall fall to my lot, May I also not forget the needs of others... Give me a pure heart - that I may see you, A humble heart - that I may hear you, A heart of love - that I may serve you, A heart of faith - that I may abide in you”.(Prayer. Dag Hammarskjold).
mauricio zhiemel

«Humildade é tanto o oposto de auto-humilhação quanto de auto exaltação». Dag Hammarskjöld. (Dag Hammarskjöld, 1905-1961, Secretário Geral das Nações Unidas assassinado em 1961 no Congo, e que Sergio Vieira de Mello apresentava como uma referência pessoal). afixado por federico

Deveriamos ter orgulho em todos, e tantos são!, os que por caminhos diversos honram o Brasil, e o engrandecem dentro e fora do País. Poderiamos dizer : Sergio Vieira de Mello, Vinicius de Moraes, Don Hêlder da Câmara, Fernando Henrique Cardoso, Pelé, Veloso, Betânia, Celso Amorim, José Mauricio Bustani, e tantos, tantos outros, que seria justo enumerar. O brasileiro Sr. Scolari tem sido notícia neste football Euro 2004. Um autêntico senhor, embaixador da língua portuguesa e da cultura Brasileira.

Esta próxima final do Euro 2004 de football trás-me à memória uma outra final, a da Copa do Mundo, em 1998, entre o Brasil e a França, em que Sergio Vieira de Mello estava visivelmente entusiasmado. Posteriormente, em entrevista de 05/08/2002, cerca de um mês antes de assumir o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, ele refere esse facto : (...) Pergunta : «Seus filhos foram criados na França. Como a família reagiu diante da final entre o Brasil e a França, na Copa do Mundo de 98 ? » Resposta de Sergio Vieira de Mello : «Foi engraçado. Fui assistir à final em Paris e meu filho caçula me esperava com a cara pintada de verde e amarelo, muito identificado com o Brasil. O mais velho, que se identifica mais com a mãe, torcia pela França. São essas químicas difíceis de explicar, um filho é mais brasileiro, o outro é mais francês, o que se pode fazer ? Talvez tenha sido a síntese ideal, pois haveria festa em casa de qualquer jeito». ( http://mre.gov.br/acs/clipping/vj0805.htm )

Talvez devêssemos ter mais cuidado com os vivos, e aprender com eles, e valorizar o trabalho deles, e lhes manifestar a nossa gratidão, e os homenagear se o merecem, em vez de tratarmos os mortos desconhecidos ou pouco conhecidos, só porque figuras públicas notáveis, “TU CÁ TU LÁ”, e os transformarmos em mitos ou heróis caseiros, à nossa imagem e à nossa medida, para exaltação do nosso ego, ou em função de determinados interesses nossos, sem medir as consequências e sem respeito por quem já não pode protestar, concordar, ou indignar-se. Nisso estou de acordo com o Sr. Smith.
Federico Sanchez

Conheci Sergio Vieira de Mello e continuo a ver nele o homem lutador, empenhado, sincero, humano, mas nada do género da versão hollywoodesca difundida pelo Brasil, após a sua morte, ora de herói, ora de mártir, ora de galã. Era essencialmente um homem de pensamento, de trabalho e de acção, com a noção exacta do que é prioritário e com um enorme sentido responsabilidade e de missão, de todo enquadrado na Organização a que serviu com toda a lealdade.
Sei quanto ele viveu, por opção, toda a vida arredado do Brasil onde estava sua Mãe. Questiono-me o que aconteceu a essa senhora.
Hoje, de facto, todos gostaríamos de saber se o DNA desta senhora que fala e aparece nos jornais, e em festas de homenagem aqui e acolá, corresponde ao de Sergio Vieira de Mello : Como é possível uma Mãe fazer tanto mal a um filho, como esta dona Gilda está fazendo a Sergio Vieira de Mello ? Será que ela não mede o alcance do que faz e do que diz ?
Quanto a pedidos de indemnização, alegando estar necessitada, o que é surpreendente, faria sentido dona Gilda interpelar o seu Governo Brasileiro, em nome de seu Marido, e pedir com retroactivos a respectiva reparação pelo tratamento que o Governo de então lhe deu, ao afastá-lo das funções que exercia, em vez de apoiar ou aceitar ser ”testa de ferro” em este “embroglio” ilegítimo montado contra seu filho.
TitaStrecht

M."Rodrigo Malbec, "
Absurda , de baixo nível, e patética, essa prosa. Um atentado à nossa inteligência e à nossa memória. Cinismo e lixo, ofensivo para Sergio! PASMO!
PONTARIA ERRADA!, ofensiva e bem desnecessária.

"No comments" . Mauricio Zhiemel

M.Smith,
Concordo!, Concordo no essêncial consigo. Indiscutivelmente, Sergio está na memória dos Homens como um homem íntegro e de bem, capaz de lucidez e de indignação, arrebatado mas decente, superior e indiferente a estas "cenas" patéticas de luta por protagonismo e auto-promoção como você diz, apresentado de bandeira e de bandeja, assim como seus Princípios e Valores," a troco "de", ou como moeda de troca, sem pensar em Sergio Vieira de Mello. Fazer de Sergio heroi convém muito a alguns e isso é uma pena, ( ele dizia que os herois eram algo de "perigoso" em todos os sentidos.)

Entretanto, porque Deus existe, Sergio Vieira de Mello descansa em paz, no mundo dos Justos e dos seus Pares.

Mauricio Zhiemel

Senh. Smith,
Aquela mulher nunca foi aluna da Sorbonne - nem sequer empregada!
obrigado,
Adrien

Dear John Smith,
Your words on Vieira de Mello denote no knowledge whatsoever of his circumstances:didn't you know he was separated for over a decade-and that all his mission of peace he did alone as this "family"you speak about never accompanied him, but stayed behind in the comfort of the south of France while he was fighting in Bosnia, Chechnya, East Timor and Africa?What Sorbonne wife are you talking about?The false widow only worked before getting pregnant and she was a typist-she had no university education, least at the Sorbonne. With so many questions on what is happening in Baghdad, I am surprised you endorse someone who does not question the circumstances:his sons should be doing that, but as they had no relationship with their father (they shed no tears on his funeral)they have no interest on digging the past- Could you imagine the torture of an 85-year old mother over the unexplained death of any son, more if it were a son as exceptional as Vieira de Mello? Think again, My friend, and next time you post something, at least put forward a real name.

"Le désarmement extérieur passe par le désarmement intérieur. Le seul vrai garant de la paix est en soi".

Bouddhiste tibétain (Nobel de la paix 1989), Dalaï Lama, afixado por maria

Como Alto Comissário para os Direitos Humanos Sergio Vieira de Mello fez ponto de honra a despolitização dos Direitos Humanos. Afirmava insistentemente (cito) à€œOs Direitos Humanos têm de ser despolitizados. Os Direitos Humanos são, por definição, políticos mas não podem ser politizados, ou seja, não podem ser utilizados para fins que não tenham a ver com os Direitos Humanos, com a verdadeira promoção dos Direitos Humanosà€.

Analisando os factos, constatámos que na sua ausência, ou, após a sua morte, assente na ignorância do cidadão comum que ou não o conhecia ou mal o conhecia, se gerou (a partir do Brasil) um à€œmovimento organizadoà€ que, de múltiplas maneiras e em nome de alegadas boas causas, angariando apoios, manipulando os midia e a opinião pública, tem politizado a vida de Sergio Vieira de Mello englobando nisso os Direitos Humanos e passando a falsa ideia de estarem glorificando Sergio Vieira de Mello e os Direitos Humanos, ou o que é mais grave, passando a falsa mensagem de, assim, estarem agindo em seu nome.

Sergio Vieira de Mello e os Direitos Humanos têm sido evocados e usados para fins que nada têm a ver com a postura pessoal e profissional de Vieira de Mello porque o seu projecto de trabalho e a sua actuação visavam a defesa e promoção dos Direitos Humanos e a sua despolitização. Ele o afirmou e pôs em prática, com integridade, de maneira consequente, regendo-se, de facto, pelos princípios da independência e da imparcialidade.

Os factos nos demonstram que Sergio Vieira de Mello e os Direitos Humanos têm sido impunemente evocados e usados para fins que nada têm a ver com Vieira de Mello e com os Direitos Humanos, com a promoção dos Direitos Humanos. maria/cosmopolis

"(...)VISÃO: Disse que os direitos humanos são terreno minado. Que minas receia?

SÉRGIO VIEIRA DE MELLO: A minha antecessora [a irlandesa Mary Robinson] viu-se confrontada com muitos desafios de direitos humanos que se transformaram em desafios políticos. O tema pode ser interpretado politicamente ou considerado como uma intervenção em assuntos intermos na área sacrossanta do monopólio da soberania. O meu grande esforço, nos próximos tempos, vai ser justamente no sentido de não permitir a politização artificial do tema nem da agenda dos direitos humanos.

V: Que tipos de direitos humanos mais o preocupam?

SVM: Disse que só definiria as minhas prioriades depois da posse. Mas, só para dar uma ideia, tenho discutido com colegas temas importantíssimos, como a protecção de populações em zonas de conflito e o das pessoas deslocadas internamente. Há mais populações nessa situação do que refugiados pelo mundo fora. E não gozam de qualquer protecção internacional.

Preocupam-me também as migrações de carácter económico, muitas vezes forçadas por conflitos armados. Ligado a isso há o tráfico ilícito de seres humanos, uma nova forma de crime transnacional. E tenho ainda outras prioridades, como uma, que teve muita importância em Timor--Leste, que foi a emancipação da mulher e o seu papel na consolidação da paz e da estabilidade em situações de conflito.

Também me preocupa o racismo e outras formas de discriminação, como o anti-semitismo e uma nova, surgida depois de 11 de Setembro, a islamofobia. São tudo factores potenciais de desestabilização.

V: Quer evitar a politização do pelouro. Mas tem estado iminente um ataque ao Iraque. Se se concretizar, quais serão, à partida, as suas preocupações?

SVM: Já existem muitas guerras reais, para eu não especular sobre conflitos hipotéticos. Nesse caso, como em qualquer outro, a preocupação principal seria sempre como proteger populações civis e evitar que sejam alvo de qualquer das partes. Poderia dizer também que um dos papéis principais da organização, mas não o meu, como alto comissário, é evitar que semelhantes conflitos ocorram.(...)".
(Interview, Sergio Vieira de Mello, September, 2002,Visaoonline).
Afixado by monica (anderson_monica_ny@yahoo.com)

M."Rodrigo Malbec, "
(...)"me espanto às vezes, outras me envergonho", de Sá de Miranda, afixado por Federico(federico_g_sanchez@yahoo.com)

Sérgio Vieira de Mello foi, de facto, o protótipo ideal do diplomata internacional. Será utópico, mas gostaríamos que ele fosse sempre recordado - pelo menos ao longo de todo o Século XXI - como um exemplo a seguir, em todas as Chancelarias do Mundo e, em muito primeiro lugar, por todos os Ministérios de Relações Exteriores ou dos Negócios Estrangeiros de TODOS os Países Lusófonos ... com Timor-Leste à cabeça, caso os Leste-Timorenses percebam o alcance disso!

Comente

Filtered HTML

  • Quebras de linhas e parágrafos são feitos automaticamente.
  • Tags HTML permitidas: <a> <b> <dd> <dl> <dt> <i> <li> <ol> <u> <ul> <br> <p>

Plain text

  • No HTML tags allowed.
  • Endereços de páginas de internet e emails viram links automaticamente.
  • Quebras de linhas e parágrafos são feitos automaticamente.

Atenção:

Não há censura de opinião nos comentários, mas o vc é o responsável pelo que escrever. Ou seja, aqui vale o Yoyow (You Own Your Own Words).

Lembre-se: Opinião é diferente de informação.

Informações sem fonte ou que não puderem ser checadas facilmente podem ser deletadas.

Serão apagadas sem dó mensagens publicitárias fora de contexto, spam usado para melhorar a posição de sites e outras iniciativas de marqueteiros pouco éticos.

Respeite as regras básicas Netiqueta.

Grosserias desacompanhadas de conteúdo, coisas off-topic e exagero nas gírias ou leet que dificultem o entendimento de não-iniciados tb não serão toleradas aqui.

Vou apagar sumariamente todos os comentários escritos inteiramente CAIXA ALTA, mensagens repetidas e textos que atrapalhem a diagramação do site.

Além de prejudicar, a leitura é falta de educação.

Não publique tb números de telefone, pois não tenho como checá-los. As mensagens com números de telefone serão apagadas inteiras.

Obviamente, qq conteúdo ilegal tb será deletado sem discussão.

Evite também mensagens do tipo "me too" (textos apenas concordando com o post anterior sem acrescentar algo à discussão).

Clique aqui para ver algumas dicas sobre como escrever um texto claro, objetivo e persuasivo.

Todas os comentários são considerados lançados sobre a licença da Creative Commons.

Se você não quer que seu texto esteja sob estes termos, então não os envie.



br101.org by br101.org is licensed under a Creative Commons Attribution-Share Alike 2.5 Brazil License.

Nenhum produto M$ foi usado na construção destas páginas.
Este site usa Drupal (Apache, PhP e MySql).

Se vc quiser tentar aprender a fazer um site igual a este usando softwares livres, vá até o weblivre.br101.org e leia:

Como fazer um website de verdade?