China na África e o G8

A NewStatesman traz um artigo interessante mostrando o crescimento da influência da China na África. Enquanto a Europa e os EUA condicionam investimentos a um respeito aos direitos humanos, à boa governança ou preservação do meio ambiente, a China não está nem aí com essas coisas e está despejando grana no continente.

De acordo como artigo, 700 empresas chinesas operam em 49 países africanos. O comércio do Império do Meio deve atingir U$ 30 bilhões no próximo ano, triplicando o valor de 5 anos atrás. No final de 2005, a China vai ultrapassar a Grã-Bretanha e deve ser o terceiro parceiro comercial da África.

Os líderes africanos de reputação duvidosa adoram a relação com os chineses...

"We like Chinese investment because we have one meeting, we discuss what they want to do, and then they just do it," says Sahr Johnny, Sierra Leone's ambassador to Beijing, who was taking Chinese investors round potential sites, including a hydroelectric power plant. "There are no benchmarks and preconditions, no environmental impact assessment. If a G8 country had offered to rebuild the stadium, we'd still be having meetings about it."

O pessoal que tenta combater a corrupção está preocupado com a possibilidade da China tomar o lugar dos países do G8.

That is what worries anti-corruption campaigners. "We've spent 15 years working on conventions against corruption, and now the Chinese come in and they haven't signed up to any of it," says Zainab Bangura of Sierra Leone's National Accountability Group. "They're secretive and they only deal with governments - they don't consult civil society or anyone. I'm worried that African governments will see China as an alternative to G8 countries, because with the Chinese they don't have to worry about good governance and all that."

Os chineses não estão ligando nem para o genocídio em Darfur... estão interssados apenas no petróleo.

"I think the internal situation in the Sudan is an internal affair, and we are not in a position to impose upon them," said China's assistant deputy foreign minister Zhou Wenzhong, in an interview with a US newspaper last year. "You have tried to impose a market economy and multiparty democracy on these countries, which are not ready for it. We are also against embargoes, which you have tried to use against us."

"The Chinese are very nice," said Awad al-Jaz, Sudan's energy and mining minister. "They don't have anything to do with politics or problems. Things move smoothly, successfully."

Para completar os chineses montaram fábricas de armas leves, venderam U$ 1 bilhão em armamento para os dois lados do conflito entre Etiopia e Eritrea. O Mugabe (o sujeito que recentemente mandou passar o trator sobre as casas de pobres deixando 300 mil e 1,5 milhão de pessoas estejam ao relento, Veja Guardian) tb recebeu equipamento militar da China, em violação do embargo da ONU.

...Celebrating 25 years of independence in May, the Zimbabwean leader, Robert Mugabe, enjoyed a fly-past by three brand new Chinese fighter-jets he had purchased in the teeth of an EU arms embargo. "We are looking to the east where the sun rises, and have turned our backs on the west where the sun sets," he said.

Um dia desses o mundo civilizado vai ter que lidar com a China...

Comentários

O perigo chinês pode existir!Não o nego!Mas a tentação hegemónica do Império do Meio, depende daquilo que os governos africanos permitirem! E se a memória não fôr curta, deverão lembrar-se do que foi o colonialismo, que mergulhou o continente numa longa noite da história. Apesar de todos os "perigos" sempre é melhor ter mais um parceiro ( ou dois, contando com a India ) de desenvolvimento, do que continuar enfeudado ao ocidente do G8 que pouco tem feito pelo continente. Antes pelo contrário, se não vejamos: 1.Foram responsáveis por séculos de colonização com os resultados que todos conhecemos! 2.Balcanizaram o continente, criando pequenos territórios administrativos partilhados entre europeus, o que originou pequenos países, e até micro-estados, com todos os problemas que tal acarreta;3. Deixaram poucas infraestruturas; investiram quase nada na formação e na educação ( isto é, na valorização do capital humano );4. Não prepararam élites para a governação pós-independência;5. Mataram a actividade agrícola africana com subsídios dados pelo G8 aos seus agricultores, que podem assim exportar a preços altamente concorrenciais, ( isso em economia chama-se "dumping" );6. Os termos de troca têm sido desfavoráveis ao continente devido às políticas económicas do ocidente; 7.O IDE do G8 em África é marginal, e representa menos de 2% do IDE mundial. É evidente que para o atraso de Africa entram outras causas, nomeadamente a questão da boa governança, a corrupção ( atenção a este factor! Onde há corruptos há corruptores, e estes quem são? ), as pandemias do HIV/Sida e da malária os conflitos étnicos ( devido à balcanização em 1884/85 na Conferência de Berlim, que não tomou em consideração as fronteiras étnicas existentes ). O resultado de tudo isso, é a vaga de migrantes, que afluem à Europa, e não só! Perante essa realidade, a União Europeia, está gizando uma nova política para Àfrica, que será apresentada na cimeira Europa-África de Novembro de 2007 em Lisboa! O que se pretende? Travar o fluxo imigratório! Como? Investindo mais em África, para fixar as populações? Talvez! Aguardemos para ver! Perante todo este panorama, considero salutar a presença chinesa ( e Indiana ) em Africa! Pelo menos está a chamar a atenção dos "Poderosos" para o continente! A sede de energia da China, preocupa os EE.UU. que não vê com bons olhos a concorrência no palco africano. Pode ser que desta vez o G8, se preocupe com o continente negro, e olhe para ele como parceiro de desenvolvimento, neste Mundo cada vez mais globalizado! Os africanos estão fartos de promessas!

Na verdade o seu comentário ainda está muito acanhado.

A China está viabilizando o pagamento de dívidas externas de vários países africanos (Leia-se: está comprando a dominação de terceiros sobre tais países).

A China está com projetos de criação de Universidades, Escolas e Hospitais, na África, onde o idioma principal não será mais dialeto, francês, italiano, alemão e muito menos o inglês (leia-se: a ajuda virá com a cultura e o mandarim)!

O intercâmbio será: econõmico, científico, cultural, militar, energético, social etc(Leia-se: tudo terá a interferência chinesa).

Convém lembrar que a China tem um adicional de 23 milhões de homens solteiros entre 20 e 30 anos, enquanto a África teve uma considerável parte de sua população masculina morta por guerras, criminalidade e doenças como a AIDS.

O dinheiro que a China gastar com a África não é nada em razão dos ganhos geopolíticos futuros. A África Oriental, no mínimo, será chinesa inclusive etnicamente. Uma nova Índia com mestiços falando o Mandarim está nos planos de quem não tinha como arranjar soluções para o excedente masculino e de mão-de-obra em geral.

O G-8 deve ser motivo de sonoras gargalhadas nos corredores do Politiburo Chinês. Eles são práticos e não se importam com a obrigação de manter aparência de democracia (existe mesmo a tal democracia?). Estão objetivamente ocupados com os planos de expansão segura e gradativa.

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