Orador à moda antiga

Do enviado especial do BR101 à palestra do Mr. President ;-)

Fui ouvir o cara que já foi o homem mais poderoso do planeta ontem. Foi bacana. O Bill Clinton é um orador à moda antiga, carismático, fala de improviso, faz piadinhas (poucas) e passa longe dos power points, esta praga contemporânea.

Digo que foi uma palestra à moda antiga porque, partindo de uma idéia básica, o ex-presidente dos Estados Unidos desenvolve um argumento fluido e bem fundamentado. Para passar sua mensagem, conta histórias, faz análises, cita fatos e números.

Para orientá-lo, apenas algumas pranchas: as idéias centrais, sua linha de condução. Há muitos anos atrás, quando morei nos EUA, fiz um curso de oratória. Minha memória põde reconhecer o método que me foi ensinado por uma senhora de idade, professora do curso.

O argumento era bacana, embora possa ser tachado de demagógico: "as pessoas importam". Em meio a diversos elogios ao Brasil e à criatividade dos Brasileiros, Clinton bateu na imagem de que toda vez que vem a São Paulo olha as diversas favelas e pensa quantos gênios das artes e ciências não estão lá dentro disperdiçados, sem chance de florescer.

É um argumento velho e cansado. Lembro de mim mesmo, adolescente em colégios da elite paulistana, enchendo o saco dos meus ricos amigos, acusando-os de não olhar para fora de seus caros com motorista e perceber a pobreza que os cercava.

Mesmo assim, o Mr. President conseguiu ser, ao mesmo tempo, relevante e emocionante. O que importa em um discurso à moda antiga são as imagens, as histórias, a elegância da argumentação. Clinton exibiu seu reconhecido talento de maneira simpática, tendo a capacidade de chamar a atenção da elite brasileira presente ao evento cujo tema era Liderança e Prosperidade Coletiva.

Falou de globalização que, como seu amigo Fernando Henrique Cardoso, prefere chamar de interdependência. Propõe que o mundo evolua para comunidades integradas. Identicou as grandes forças transformadoras da atualidade: a democracia, a internet, as organizações não governamentais. Comentou sobre as grandes ameaças: as mudanças climáticas, o terrorismo com armas de destruição de massa, a ignorância fundamentalista. Criticou o isolacionismo de seu sucessor, o populismo de Chaves, a falta de visão de Sharon e Arafat. Elogiou Nelson Mandela e Yitzhak Rabin. Comentou fatos históricos, assim como, seus erros e acertos. Identificou coisas a fazer. Discorreu sobre o que é a liderança, o que faz de alguém um líder e porque eles são tão raros.

Ensinou algumas coisas, mas acima de tudo deu um recado humanista que, por mais batido e piegas que seja, ainda é muito válido:

"Pensem sobre as pessoas que não vemos quando passamos por elas."

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