Desigualdade social no Brasil e as domésticas
Tava dando uma olhada no Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (disponível pdf) e continuo impressionado como não conseguimos diminuir a desigualdade social no Brasil, nosso maior e mais vergonhoso problema.
Apesar da tendência positiva, a desigualdade de renda pouco se alterou no período. Em 1992, aponta o relatório, os 20% mais pobres do país tinha apenas 3% do total da renda nacional; em 2002, o percentual subiu um pouco, para 4,2%. Os 20% mais ricos se apropriaram de 55,7% da renda em 1992, 55,8% em 1996 e 56,8% em 2002. à€œApesar da melhora na renda dos mais pobres, a distância em relação aos mais abastados pouco se alterouà€, observa o texto.
Talvez seja pq essa desigualdade social brasileira ainda é fonte de conforto para quem está no topo... Não estou falando só do pessoal que faz compras na Daslu... esses teriam a mesma vida em qq lugar do mundo... A diferença no Brasil é na classe "média", o pessoal do "middle manangement", os pequenos empresários, etc.
Veja o artigo da Debbie Eynon Finley, a esposa de um gringo morando por aqui, no gringoes.com contando a experiência de ter uma empregada doméstica no Brasil...
"My maid is very nice and hard working," I answered. "But, Ià€˜m a little tired of making her lunch (big, U.S. dinner type meal) every day."
"What?!", a more seasoned friend, Beth, corrected me. "Sheà€˜s supposed to be making and serving your lunch. My maid sets the table and makes and serves me a fabulous hot, four course meal every day. And, there are always leftovers for supper. You need to put some fire under your maid."
I now realized that I misunderstood our translator when she said that the maid is supposed to get lunch. I grasped, "Wow, sheà€˜s supposed to get lunch for me! That means I wonà€˜t need to stop what Ià€˜m doing in the middle of the day to run home and cook her a hot meal. Now, I can to be treated like a princess too."
(Depois vou mandar um e-mail para ela recomendando a leitura de "Casa Grande e Senzala")
... e compare com a típica dona-de-casa brasileira "classe média" q apareceu na Ana Maria Brega de hoje em uma reportagem do tipo "donas-de-casa precisam checar os preços das coisas"...
Na primeira cena, a Senhora aparece sentada na mesa da cozinha lendo uma lista de produtos enquanto a doméstica, subserviente, checa o estoque nos armários da cozinha.
Depois, a Senhora aparece caminhando nos corredores de um supermercado comentando produtos, dando "dicas" de economia. A doméstica caminha ao lado empurrando o carrinho sem abrir a boca...
Em toda a reportagem, a empregada estava presente, mas foi completamente ignorada pelo repórter e pela Senhora... como se a doméstica não tivesse nada a dizer sobre como é duro fazer o dinheiro render mais em um supermercado...
A última fala da Senhora é a mais surreal para qq gringo. Ainda no supermercado, com a servente ao lado, a patroa diz que precisa comprar produtos de qualidade inferior para economizar no final do mês...
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