Logitech EX110, o atendimento na FNAC e a sobrevivência do comércio off-line
Outra madrugada meu mouse sem fio quebrou. A mola do botão esquerdo cedeu. Tentei usar um pedaço de papel para substituir a ação da mola, mas não funcionou.
Como não dava prá continuar "trabalhando", fui dormir e programei para o dia seguinte uma visita de emergência ao mundo do comércio off-line.
Não sou fã de ir em lojas. Não tenho prazer no consumo, principalmente nestes tempos de aquecimento global e marketing mercenário irresponsável preenchendo todos os espaços da vida.
Além disso, uma das poucas coisas que eu acredito profundamente da minha herança japonesa é o princípio do Motainai. Ou seja, para mim, desperdício é mais feio que cobiçar a mulher dos outros.
Por isso, fiquei até feliz em declarar o final da vida útil do equipamento.
Passei mais de um ano lidando com esse conjunto de teclado e mouse sem fio genérico xingling comprado no saldão da Santa Efigênia que nunca funcionou direito, mas nada que me obrigasse a substituição.
Motainai não significa ser mão-de-vaca e procurar comprar sempre o produto mais barato.
Pelo contrário, o consumo muquirana me obrigou a conviver um ano com um ponteiro de mouse que andava sozinho e um cradle que não carregava a bateria.
Portanto, morria de inveja do Logitech chique do meu amigo HC e estava decidido a comprar algo "com marca". Defini um orçamento de até R$ 350.
Primeiro problema com as lojas do mundo real.
Embora, a decisão de usar o comércio tradicional tenha sido consequência da urgência, tive que assistir o programa da Ana Maria Braga inteiro esperando as lojas abrirem.
Cheguei um pouco antes das 10 da manhã na FNAC da Paulista. Estava fechada.
Aproveitei para caminhar um pouco até o centro comercial da colônia chinesa para ver o que estava disponível no mundo xingling, caso não conseguisse achar algo "de marca".
Só achei genéricos e uns modelos da Microsoft (que eu não compro por motivos óbvios) por mais ou menos R$ 170.
Perguntei por modelos da Logitech... o vendedor disse que não trabalhavam pq eram muito caros, mas haveria outro cafofo em outra galeria próxima que era distribuidor exclusivo.
Não achei a "loja" da Logitech e voltei à FNAC.
Entrei direto na área dos eletrônicos. Ao lado dos computadores estavam dois funcionários.
Perguntei por conjuntos de teclado e mouse sem-fio. Um dos rapazes me perguntou: "Para quê?"
"Para computador", respondi meio atônito com a pergunta do vendedor.
"Ahh... é que nós somos responsáveis pelas coisas da Apple. Vc precisa falar com o pessoal de colete verde", explicou.
A única pessoa de colete verde estava ao telefone, aparentemente atendendo um cliente.
Decidi procurar sozinho, sob o olhar de desdém dos vendedores de coisas da Apple...
Os teclados sem-fio ficam em uma das últimas bancadas na parte de baixo... As opções eram Microsoft (que eu não compro por motivos óbvios) e uns modelos da Logitech.
Dentro do meu orçamento de R$ 350 havia dois modelos, um de R$ 170 e outro cerca de R$ 280.
Depois de uns cinco minutos em pé lendo as letras miúdas das caixas, finalmente, um vendedor veio me atender.
Perguntei as diferenças entre os dois modelos. "Como assim?", foi a resposta.
"Queria saber pq um custa R$ 170 e outro R$ 280. Se for só uma questão estética compro o mais barato.", expliquei.
Silêncio... Tentei ser mais claro e objetivo. "O mouse que vem nos dois conjuntos é igual? A bateria dura a mesma coisa?", insisti...
O vendedor, hesitante, disse que sim, a diferença era estética.
Não confiando na resposta, pedi para ver os dois modelos fora da caixa, afinal uma das vantagens de ir a uma loja física é poder examinar os produtos antes de comprar.
Além disso, mouses e teclados são coisas que vc percebe a qualidade com os dedos e não com os olhos.
Impossível abrir as caixas. Não há produtos sem-fio em exposição fora da caixa pq "não tem como amarrar no balcão."
Cheguei a perguntar pq não deixavam dentro de uma gaveta trancada que poderia ser aberta qdo um cliente estivesse interessado no produto, mas desisti...
Resolvi parar de perder tempo e levar o mais barato, o Logitech Cordless Desktop EX110, sem ver mesmo. Afinal, de acordo com o vendedor, a diferença era estética.
Fiquei mais um tempo na fila, já que apenas um caixa estava aberto na hora e o primeiro da fila estava com problemas no cartão de crédito... só para completar a minha experiência na FNAC.
Cheguei em casa e descobri que o EX110 não resolve um dos meus incômodos do velho teclado/mouse xingling.
O ponteiro do mouse não anda sozinho, mas o problema do cradle que não carregava a bateria direito persiste.
O EX110 simplesmente NÃO TEM esquema para recarregar baterias. O conjunto vem acompanhado de pilhas alcalinas comuns.
Ou seja, continuo tendo que ter um par de baterias extra e lembrar de colocá-las no recarregador.
Tô com preguiça de ir trocar... e não quero ficar irritado caso o processo não seja imediato
Fica minha dúvida: Qual o sentido de comprar qualquer produto eletrônico ou de informática em uma loja do mundo real se o vendedor não sabe o que está vendendo e eu não posso tocar nos produtos?
Nos primeiros tempos da revolução digital, a previsão era o fim de muitos setores do comércio brick and mortar.
Não aconteceu, pois como tb era dito na época, varejo off-line tem a vantagem da pronta entrega, do contato direto com o produto e da existência do ritual de ir às compras cultuado por grande parte da sociedade.
Além disso, a decisão de compra de coisas como roupas, sapatos e comida, não são fruto de um raciocínio lógico e/ou não são tão padronizados o suficiente para escolher sem provar antes.
Mesmo em produtos ideais para o comércio on-line, como livros, as lojas brick and mortar são capazes de competir.
Por exemplo, a Livraria da Vila presta um serviço capaz de competir com a amazon.com.
Sempre tem alguém dentro da loja com o nível de conhecimento tão bom ou melhor que o cliente sobre autores ou assuntos específicos.
Se o primeiro vendedor não souber ajudar, indica o "especialista" e o cliente sai com a sensação de ter feito uma compra bem informada.
A quantidade de fontes de informação sobre um produto é menor e não necessariamente de melhor qualidade que a disponível na internet (e lá dentro não tem wifi), mas é humana, ao vivo, interativa e personalizada.
Sou chato. Nunca neguei isso.
Mas em uma loja que tem um nome multinacional a zelar, instalada em plena avenida Paulista, centro do poder econômico deste país e um dos metros quadrados mais caros do mundo, deveria ter vendedores capazes de me explicar pq um conjunto custa R$ 170 e outro, da mesma marca, R$ 280.
Tô querendo demais?
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Comentários
Covarde Anônimo (não verificado)
qua, 22/10/2008 - 07:10
Permalink
opção de mouse sem fio
sem que tenha que usar pilhas eu acho que os tablets (ao menos da wacom) dão muito bem pro gasto.
abs
weno
Covarde Anônimo (não verificado)
dom, 19/10/2008 - 22:35
Permalink
Exigente
Não, vc não está exigente demais. Eu também penso como vc. Só que diferentemente de vc, fiz um pesquisa online para escolher os modelos e só então partir para o mundo offline. :)
china
seg, 20/10/2008 - 02:05
Permalink
Normalmente eu faria isso tb
Talvez não tenha ficado claro no texto. Normalmente eu faria isso tb.
Mas como meu mouse pifou de madrugada era uma compra urgente. Além disso, teclado e mouse não são compras complexas. Olhando e apertando umas teclas vc percebe a qualidade.
O que mais me deixou chocado foi o fato de eu não poder ver o produto fora da caixa.
Além disso, eu nem imaginava que existiam modelos de teclado e mouse sem fio que usassem pilhas comuns nessa altura do campeonato.
Cogito ergo doleo
[]s
China
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