Novos ataques à logica

Enquanto se enreda a nossa triste cena política, a pobre da lógica sofre novos ataques.

Vez do Senador Aloísio Mercadante. Ao defender seu partido das denúncias do mensalão, ao invés de simplesmente dizer que nunca existiu e ponto final, resolve ele bater na pobre da lógica. Emenda à sua defesa a afirmação de que o PT nem teria dinheiro para pagar o tal do mensalão.

Na mesma página do jornal que carrega as afirmações de Mercadante, somos informados que o PT teve receitas de R$ 48 milhões no ano passado. Fechou seu balanço com o impressionante déficit de 40%. Razão do atraso no pagamento de seus funcionários. Fato que, aliás, motiva a matéria. Os acusados de receber o mensalão, bancadas do PL e PP, não somam 100. A denúncia diz que o mensalão era de R$ 30 mil.

A simples lógica e sua grande companheira, a matemática, demonstram: R$ 30.000 x 100 deputados x 12 meses = R$ 36 milhões. Se o PT teve R$ 48 milhões em entradas que significaram apenas 60% de suas saídas (40% de déficit), saíram do caixa do partido R$ 80 milhões. Ora senador, dinheiro existiu e de sobra.

Mensalão não sabemos, ainda. Também pode ser que não tenha nem saído deste caixa. A lógica, que serve a todos os propósitos, até mesmo os indignos, diria que não se deve usar recursos legalmente contabilizados para cometer atos ilegais.

Já o deputado Miro Teixeira, além de manter seu ataque à lógica (veja nota), resolve inovar conceitos jurídicos. Talvez consiga, é advogado. Alega que não servirá de álibi para Roberto Jefferson. Defende a posição de não repetir o que lhe disse o nada nobre colega.

Álibi? Caro deputado, álibi é o artifício que qualifica a inocência de alguém por provar que este estava em local diferente daquele em que se cometeu um crime. Saber de um ato ilícito e não denunciá-lo constitui crime de conivência. Deste, são culpados o senhor e o outro deputado, que carece de outras coisas, não de álibi.

A simples lógica diria que, ao repetir o que ouviu, o nobre deputado eximiria-se, ainda que tarde, do crime de conivência. Não daria álibi a ninguém. Apenas instaria seu nada nobre colega a confirmar ou negar o relato. De quebra, a opinião pública lhe agradeceria.

Aliás, o mesmo precisa fazer o Governador Marcone Perillo, cuja conivência que evidênciou não é só sua. É também de dois companheiros de PSDB. Convidados a cometer um crime, calaram-se.

A pobre da lógica, aqui nestes trópicos, não é praticada nem por gregos nem por troianos.