Fotos da modelo Kate Moss vão a leilão

Mesmo com todos os seus problemas, realmente adoraria conhecer Kate Moss e, digamos, em um café de Paris, conversar com ela sobre tudo, menos moda, que não entendo e nem quero entender. E se estivesse com sorte, ela sorriria seu melhor sorriso,
do tipo " Ele não sabe a encrenca em que está se metendo..." E eu, firme, com os olhos concentrados em seus olhos,lhe diria que ela é como qualquer mulher do planeta, mas sem o tom grave de um " salvador" oportunista, mesmo porque também preciso ser salvo de mim mesmo. E como! Claro que sua beleza me atingiria como um raio e cada gesto seu me pareceria uma obra de arte, mas mulher é mulher e, sinceramente, nada de idolatria babaca, apenas o cavalerismo de sempre, uma boa dose de humor e, claro, uma leve pitada de cafajestice à brasileira. Do tipo se colar colou...
mas seria preciso mentir sobre minha filosofia de vida e como encaro o amor. Não, melhor não mentir, ela é vivida. "Kate, tudo o que você fala, apela para uma melancolia de modelo que detesto,
força o dramático enquanto o que eu quero, é ir para cama com você e saber o quanto de verdade e mentira se esconde atrás
dessa porralouquice toda. Conheceço um hotel barato por aqui,
que nenhum paparazzi do mundo te acharia. O lugar é péssimo mas o melhor para um homem e uma mulher transarem incógnitos." Este seria meu pensamento... e se eu realmente falasse... e ela, suspirando, como quem tira um grande peso da alma respondesse
aliviada que sim... nada de amor eterno ou qualquer coisa do gênero. Apenas transar e esquecer... E ela me olharia pela primeira vez como uma mulher comum e diria:topo porque você é muito cara-de-pau, topo porque você acredita na mulher que sou, topo sobretudo porque você é o homem feio mais sortudo do mundo e de alguma maneira que não sei explicar isso me deixa muito feliz. É engraçado e triste ao mesmo tempo, parece filme de Carlitos...mas tenho coragem e se digo sim, vou! - Atravessamos a rua ao anoitecer, as luzes se acendem para nós e uma enorme lua cheia
pousa na janela de nosso pobre quartinho. Kate se despe e deixa cair suas roupas caras na leve poeira do chão. Quer ser tratada como
uma prostituta francesa de quinta... mas sou sexualmente amoroso ao ponto de tratar um puta como princesa e mais uma vez ela se encanta, estamos nus, semi-embriagados e trepamos sem nenhum compromisso, além de agradar sinceramente um ao outro. Ela está muito magra e eu com uma barba de três dias, seu cheiro é de gente rica, seus dentes perfeitos, o cabelo desfeito graciosamente sobre a cama, enquanto acaricio seus seios sinto seu coração bater descompassado, mas tudo gira rápido demais e
quando percebo estou dentro de uma mulher que sempre desejei,
unido ao seu corpo como me uni ao corpo de tantas outras mulheres e percebo que o poder de um homem depende do ardor e
feminilidade que uma mulher se entrega, seja a Ritinha do meu bairro, seja a Kate Moss, com sua imagem estampada no mundo,
ferida pelos mecanismos de tortura de sua profissão... Estou suado e ela também, rimos da nossa loucura e prometemos nunca mais nos ver, como manda o figurino de uma modelo que só quer divertir-se e se sentir sinceramente amada um pouco. Ela se arruma, eu permaneço nu, sobre o lençol bagunçado. E enquanto coloca os sapatos, solta uma riso gostoso, ao lembrar-se que nunca transou com o barulho de uma cama de molas. Mais um beijo e adeus. A
porta se fecha sem estrondo e termino com o vinho que restou da garrafa. Pois é... quem acreditaria se nem mesmo eu acredito no que aconteceu... mas aconteceu e no mais é Paris, com sua triste chuva em minha alma, como a esfriar meus sentidos e dizer no silêncio, que devo para sempre permanecer calado. Palavra de Homem.

Alexandre Bensabat
Julho de 2007.