Ciclismo nudista e a bicicleta como meio de transporte em São Paulo

Rolou hoje a versão paulistana da World Naked Bike Ride (WNBR), um passeio ciclístico nudista contra a dependência de combustíveis fósseis.

O evento/protesto "mundial" foi realizado pela primeira vez em 2004 e é fruto da união de organizações ciclo-nudistas canadenses e espanholas.

Já rolaram versões da WNBR na Alemanha, Bélgica, França, Itália, Holanda, México, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.

Fui dar uma olhada no movimento.

Não foi exatamente um passeio nudista... De acordo com o tenente da PM que estava cuidando da manifestação, a ordem era prender quem exibisse a genitália.

Ou seja, protesto tudo bem... mas pelado não...

Engraçado como no país do carnaval, onde todo ano há mulheres peladas em rede nacional de televisão durante 3 dias seguidos, o povo fique chocado com nudistas andando de bicicleta.

Talvez seja uma questão estética. Afinal, não dá para comparar a forma física da Mulata Globeleza com a das pessoas cujo emprego não envolve chacolhar a bunda na TV.

Tb não tinha muita gente... Meia hora antes de começar, eu contei umas 50 bicicletas...

Na saída apareceu mais gente... mas não me pareceu um sucesso estrondoso.

Os passeios ciclísticos da primavera (não sei se ainda rolam) certamente atraem(atraíam) muito mais gente.

Entretanto, tinha bastante imprensa e um sujeito fantasiado de presidente Lula que imagino ser de algum programa humorístico da Rede TV.

Certamente, o passeio ciclistico nudista vestido paulistano receberá mais atenção na mídia do que o tamanho da manisfestação mereceria normalmente.

Concordo com a causa. Ciclismo foi o último esporte que pratiquei com alguma seriedade e há dois anos não tenho carro.

Contudo, não sei se manifestações "sensacionalistas" ajudem a resolver alguma coisa.

Tem várias coisas práticas para tentar incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte.

Coisas como chuveiros nos locais de trabalho, armários para bicicletas nas estações de metrô (sei que tem um estacionamento de bicicletas na estação da CPTM em frente à Abril), ciclovias de verdade, etc.

Há uns 10 anos, qdo eu trabalhava na Rádio Eldorado, eu enchia o saco do diretor da CET da época com todas as idéias que saiam na editoria de bike advocacy da Bicycling.

Parecia que estava falando grego. Na época, ninguém levava a sério a bicicleta como meio de transporte em São Paulo.

Não percebi nenhuma mudança na atitude até hoje. De qq modo, IMHO, para a bicicleta ter algum impacto real no congestionamento de todo dia é preciso ter algum tipo de integração com o transporte público.

São Paulo não é uma cidade plana... Quem anda de bicicleta como esporte acha divertido subir a Ministro Rocha Azevedo. O pessoal que anda de bicicleta com as crianças no parque do Ibirapuera acha impossível.

De qq modo, mesmo com armários nas estações de metrô/trem/terminais de ônibus e chuveiros no trabalho, sem uma melhora sensível na percepção de qualidade do transporte público, IMHO, dificilmente a bicicleta vai ajudar a aliviar o caos nosso de todo o dia.

BTW, não acompanhei manifestação inteira. Vi a "concentração" e a partida. As fotos estão no Minhas Fotos no álbum Eventos em São Paulo.

Achei que não tinha ninguém querendo arrumar confusão...

Acabei de ver no Jornal Nacional. Um sujeito foi preso por ficar pelado desafiando a PM... rolou até um spray de pimenta.

Sempre tem alguém com vontade de ser mártir querendo aparecer....