iPad... Tô fora, por enquanto

Há uns meses, quando o iPad ainda não tinha nome, acabei entrando na onda de especulações sobre tablet do São Jobs (Veja
Apple tablet, MacTablet ou TabletMac e iSlate: o tablet da Apple... multimedia portátil?).

Mesmo sendo partidário do software livre e padrões abertos, há algum tempo tive que dar o braço a torcer na comparação entre o iPod e o meu bom e velho N800.

Por isso, cheguei a imaginar que poderia substituir meu eeepc 1000H por algo mais leve e com bateria mais durável.

Ainda não testei, mas pelas características do aparelho lançado com histeria no último fim de semana já posso concluir que do jeito que está não serve para mim.

Sei que a questão da falta de multitarefa e Flash podem ser resolvidas em futuras atualizações de sistema operacional ou crackeando o aparelho (Jailbreak para iPad saiu um dia depois do lançamento), mas se é para dar trabalho prefiro continuar investindo meu tempo no software livre ao invés de ficar driblando as limitações artificiais impostas pela Apple.

Tb não uso muito webcam. Tira um pouco da liberdade de bater papo cueca, sentado no vaso sanitário ou qualquer outra situação privada... ;)

Entretanto, as imagens ao vivo são úteis para se comunicar com pessoas que não tem muito domínio da linguagem verbal (crianças) ou gente que vive longe e faz questão de ver a minha cara.

Talvez não faça falta, mas me irrita um pouco, já que o único motivo que consigo imaginar para a ausência é a vontade de vender uma futura nova versão do iPad "agora com da Webcam embutida".

Sei que não faço parte do público-alvo. Faço parte do grupo de pessoas que produz conteúdo e o iPad foi pensado para quem consome produtos digitais (de preferência coisas do iTunes, a lojinha do São Jobs, obviamente).

Mesmo sem a expectativa de substituir o netbook, tava achando que seria bacana ter um brinquedo chique para passear na internet e assistir uns videos.

Aí lí a avaliação do CmdrTaco no Slashdot...

Finally let me talk about the device itself. It's heavy. I mean, surprisingly heavy. The specs say that it is 1.5lbs, which sounded very light on paper. For the first few minutes, I liked the heft; I felt that I was holding a solid, well-crafted item in my hands. But then I started trying to figuring out ways to type. I wrote a number of emails of moderate length and slowly realized that I just don't like typing on this thing. It's fine for URLs and names and passwords and a sentence here and there. But to actually sit down and write a thousand-word review well, there's just no way. I tried many different angles, but in order to hold it in your lap and type, you sorta need to prop it against your belly. Holding it up one handed made my arm kinda tired fairly quickly: unless I'm willing to squish my thumb against the center of the screen. When I do this, the center of gravity shifts and it's much more comfortable to hold, but there's a giant thumb blocking my screen, making it impossible to type. You can cradle it in your arm and type one-handed. That seems like the only way to use it while standing. But I just don't see myself writing anything lengthy. After a day of heavy usage, I felt a little sore. The size and shape is nearly perfect. But all that screen and battery sure feels heavy when it's spread out like this.

... e parei para pensar como eu consumo conteúdo digital.

Atualmente, costumo navegar pela internet e ver filmes deitado com o netbook na barriga (se tiver que clicar muitas coisas, plugo um mouse, pois é desconfortável ficar com os braços encolhidos por muito tempo).

Certamente, será mais desconfortável ter que segurar o aparelho com uma mão e usar a outra para clicar nos links/trocar de página do eBook.

A Apple está vendendo por U$ 39 uma capa protetora que pode ser usada como pedestal...

Na posição mais vertical, aparentemente, a base é muito pequena para equilibrar o iPad na barriga (principalmente se vc estiver vendo algo engraçado e começar a dar risada) e na mais horizontal para ver a tela é preciso estar sentado.

Sentado, com o aparelho no colo, imagino que o torcicolo torna-se inevitável (eu não costumo usar laptop sem mesa por causa disso)

iPhone/iPod fizeram muito sucesso pq fazem montes de coisas e cabem no bolso... é uma versão real do tricoder de Jornada nas Estrelas.

Não consigo imaginar alguém carregando um iPad para substituir uma calculadora, decibelímetro, controle remoto ou para usar aplicações de realidade aumentada (que, BTW, não rolam sem câmera).

Talvez no futuro não tão distante alguém crie alguma killler app para o iPad como esperam os marqueteiros da Apple... por enquanto, tô fora.

Sobre a ergonomia do iPad vale ler: 5 Reasons the iPad may be Bad for Ergonomics.

The iPad's weight, dimensions, portability, viewing angles, posture and touch screen typing may be considered unhealthy for ergonomics.

Sobre as questões éticas do brinquedo, o Cory Doctorow do Boing-boing fez um resumo bacana: Why I won't buy an iPad (and think you shouldn't, either)

And let's look at the iStore. For a company whose CEO professes a hatred of DRM, Apple sure has made DRM its alpha and omega. Having gotten into business with the two industries that most believe that you shouldn't be able to modify your hardware, load your own software on it, write software for it, override instructions given to it by the mothership (the entertainment industry and the phone companies), Apple has defined its business around these principles. It uses DRM to control what can run on your devices, which means that Apple's customers can't take their "iContent" with them to competing devices, and Apple developers can't sell on their own terms.

Finalmente, algo que eu não tinha pensado, mas faz algum sentido... O iPad pode ser uma volta ao tempo do CD-ROM, como discute Dany O'Brien

Certamente esse "livro interativo/tabela periódica" lembra o final dos anos 80...