Presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), ditadura e a lei de Godwin
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), ao se defender das denúncias do estadão relacionadas a 2 apartamentos usados pelo clã em área nobre da capital paulista supostamente pagos por uma empreiteira, apelou para o nazismo.
A Veja online registrou o trecho do discurso demonstrando a necessidade de aplicação da Lei de Godwin nas discussões do mundo real.
Sarney afirmou que o jornal "está empenhado numa campanha sistemática" contra seu cargo. "É uma prática nazista de acabar com as pessoas, denegrir sua honra, sua dignidade, até levar para as câmaras de gás. Felizmente, no Brasil, não temos câmara de gás", disse.
Ou seja, se a disputa verbal entre o presidente do Senado e o jornal O Estado de São Paulo estivesse rolando em um fórum, lista de discussão, Twitter ou qualquer outra forma de interação online, Sarney teria perdido automaticamente a discussão.
Como explicou o autor, Mike Godwin, em artigo na Wired de 1994, a "lei" foi criada para "combater" o meme "nazista" frequentemente usado como argumento inapropriado nos primeiros tempos da convivência digital.
But the Nazi-comparison meme popped up elsewhere as well - in general discussions of law in misc.legal, for example, or in the EFF conference on the Well. Stone libertarians were ready to label any government regulation as incipient Nazism. And, invariably, the comparisons trivialized the horror of the Holocaust and the social pathology of the Nazis. It was a trivialization I found both illogical (Michael Dukakis as a Nazi? Please!) and offensive (the millions of concentration-camp victims did not die to give some net.blowhard a handy trope).
So, I set out to conduct an experiment - to build a counter-meme designed to make discussion participants see how they are acting as vectors to a particularly silly and offensive meme...and perhaps to curtail the glib Nazi comparisons.
I developed Godwin's Law of Nazi Analogies: As an online discussion grows longer, the probability of a comparison involving Nazis or Hitler approaches one.
(((Para os que tem deficiência matemática... "probabilidade tende a 1" é mais ou menos a mesma coisa q "a chance da coisa acontecer caminha para 100%". Ou seja, quando uma discussão cresce e acabam os argumentos lógicos, alguém vai acabar apelando para uma comparação com o nazismo.)))
No Brasil, não são raros filhos e netos de gente que veio parar aqui escapando das "práticas nazistas".
Qdo tinha uns 8 anos de idade, me explicaram pq a avó de um amigo meu tinha números tatuados no braço. Foi a primeira vez que ouvi falar de Auschwitz.
Não é preciso ser judeu para ficar profundamente ofendido com a "defesa" do presidente do Senado. No meu caso, bastou lembrar do sofrimento vivido por aquela velhinha.
Além disso, acho q a argumentação de Sarney não entra nem na categoria de Reductio ad Hitlerum (versão moderna de Reductio ad absurdum, técnica de "ganhar" uma discussão usada desde os tempos do Aristóteles).
Afinal, se fosse usar Reductio ad Hitlerum, Hitler teria que ter sido a favor da imprensa livre, assim daria para dizer algo como "Se Hitler foi a favor da imprensa livre, então a imprensa livre deve ser maligna/indesejável/ruim"
Como não consigo lembrar de ditadura com imprensa livre ou democracia sem liberdade de expressão e tenho certeza de que os Nazistas eram a favor de calar qualquer voz dissidente, não vejo sentido no argumento do presidente do Senado brasileiro.
Talvez, seja compreensível o aparente desprezo ao valor da liberdade de expressão em uma sociedade que ainda tem muita prática de democracia.
Tb não acho justo esperar de um ex-presidente da Arena (Aliança Renovadora Nacional) tenha vergonha de tentar calar a imprensa.
Afinal, enquanto, o Estadão publicava receitas de bolo e poemas de Camões no lugar das reportagens censuradas, Sarney era governador do Maranhão.
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