Terrorismo e Liberdade
A necessidade de combater os terroristas está abrindo brechas para que as agências de segurança bisbilhotem o comportamento de todos os cidadãos conectados à Internet.
Os recentes acontecimentos ameaçam um dos valores até agora indiscutíveis da cultura da Internet e do american way of life (o modo de vida americano): a liberdade e a privacidade.
Todos os recursos da Internet usados para manter esses direitos dos cidadãos civilizados, mas dificultam o trabalho dos espiões estão sendo questionados. Os provedores americanos, que antes defendiam na justiça a privacidade das informações de tráfego dos usuários, não estão relutando divulgar esses dados.
No mesmo dia do maior banho de sangue em solo dos Estados Unidos desde o século 19, os sites que garantiam a troca de e-mails anõnimos suspenderam suas operações. A criptografia, o método que embaralha senhas, e-mails e transações comerciais, também pode ser posta na ilegalidade pelo congresso americano.
Esses serviços podem ser usados para organizar atentados, mas também são instrumentos importantes para garantir o direito à opinião, pois o anonimato pode ser usado para expressar pensamentos sem temer represálias de estados ou grupos com idéias divergentes. O princípio é semelhante ao do voto secreto.
A preocupação com os recursos tecnológicos disponíveis a grande parte da humanidade por parte do país governado por George W. Bush está crescendo porque torna a espionagem tradicional obsoleta.
Durante décadas, os arapongas americanos confiaram em um sistema de pelo menos 120 satélites espiões conhecido como Echelon. Os mais caros, segundo reportagem do jornal alemão Frankfurt Allgemaine Zeitung chegaram a custar U$ 1 bilhão cada e são capazes de interceptar ligações telefônicas, faxes, e-mails ou qualquer forma de transmissão feita por ondas de rádio.
Os Estados Unidos oficialmente negam a existência do Echelon, mas um relatório do parlamento europeu preocupado com a escuta ilegal de comunicações dos cidadãos do velho continente confirmou a existência do sistema no final de maio deste ano.
Assim, o medo da ameaça terrorista pode abrir caminho para uma sociedade controlada por um poder central, como o Big Brother, o grande irmão do clássico 1984 escrito pelo inglês George Orwell, destruindo também a idéia da última estrofe do hino americano que afirma que os EUA são à€œa terra dos livres e lar dos bravos.à€
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