A triste política e sua lógica pobre
Há tempos ensaio fazer uma nota aqui no grande BR101 do meu amigo jornalista independente. Infelizmente, é a absurda degradação moral de nossa política que me remove da procrastinação.
Não quero chover no molhado, melhor dizendo no enlameado. Não é preciso gastar bits com os recentes e sequenciais escândalos. Porém, entre denúncias de corrupção nos Correios e no IRB, os crimes no Ibama e o esquema de compra de deputados, há uma outra vítima menos festejada: a lógica.
Ao assinar o pedido da CPI dos Correios, o Senador Suplicy do PT passou a ser acusado por companheiros de bancada de estar fazendo uma grande jogada de marketing. Pode ser verdade, não importa. O que passa impressionantemente sem repúdio é que os acusadores haviam combinado assinar em conjunto o pedido horas antes de encerrar o prazo caso fosse a aprovação da CPI um fato consumado.
A simples lógica pergunta: não seria, este sim ou também , um lance de marketing? Não estariam os nobres senadores fazendo o que acusam Suplicy de fazer? Qual seria o sentido de assinar o pedido da CPI apenas após esta se tornar um fato irreversível, senão o marketing, as manchetes dos jornais?
Em outro atentado a lógica, vemos o deputado Miro Texeira, ex-Ministro das Comunicações dizer que ouviu do nada ilustre companheiro Roberto Jefferson as mesmas acusações que causam agora furor nas páginas dos jornais. O que fez ele? Nada. Porque? Não tinha fatos e evidências.
A simples lógia pergunta: quando um representante do povo ouve de outro representante do povo que um crime está sendo praticado, o que deve fazer? Se uma pessoa disser a mim que viu outro cometer um assassinato, eu devo ficar quieto porque não fui eu que vi, ou devo avisar as autoridade que alguém afirmou a mim que conhece o autor de um crime? É claro que Miro não tinha provas sobre os fatos, mas imagino que não esteja inventando o relato. Se o relato de um crime feito por um representante do povo não é suficiente para motivar uma investigação, o que seria? Somente o flagrante delito?
Pobre a lógica dos nossos políticos.
O Brasil precisa de muitas reformas, mas enquanto não for feita a Reforma Política, as outras são meras quimeras.
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Comentários
Covarde Anônimo (não verificado)
seg, 08/10/2007 - 16:08
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bosta
a politica esta uma bosta
hc
ter, 07/06/2005 - 16:39
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Reforma Política
Precisa ser feita. A agenda precisa ser simples. Não vai acabar com as desigualdades. Vai continuar tendo brasileiro mais igual que outros. Infelizmente, um país do tamanho do nosso não muda da noite para o dia.
O principal ingrediente de uma reforma política deve ser o voto distrital. Por mais que a nossa política seja suja em todos os níveis e de todos os lados, haja visto nosso noticiário, a Câmara dos Deputados é o pior dos casos. É nela que se encontra o Prona e seus cinco deputados eleitos pelo voto de repúdio à política canalizado pelo Éneas. O Renan Calheiros é um pulha, na minha opinião, mas não é um desastre como o Severino.
Pelo voto distrital, é possível fazer com que a representação política aproxime-se da comunidade local. É a única saída, pois precisamos moralizar as bases do estado democrático de direito.
Ainda mais importante que a fidelidade partidária, que não desprezo nem um pouco, é o financiamento público de campanha. Como financiar um candidato a governador ou senador de um grande estado, quando se gastam milhões de dólares em cada pleito? Esta é a origem mais básica da corrupção que atinge todos os partidos.
Por último, além da fidelidade partidária, é preciso desaparelhar o estado. A administração pública deve ser exercida profissionamente, como vem sendo bem defendido pela ex-juíza e atual deputada Denise Frossard. Além disto, o estado deve ser pequeno. Ao contrário do que brada o Ministro José Dirceu, comandante da maior aparelhagem política do estado brasileiro que eu me lembro.
O economista laureado com prêmio Nobel, Gary Becker, demonstra de maneira clara porquê e nosso país tornou-se uma prova viva de sua tese: o estado deve fiscalizar e não agir, deve atuar de maneira a impedir abusos, injustiças e desequilíbrios; porém quando ao invés de fiscalizar interfere diretamente, acaba por perpetuar abusos, criar desequilíbrios e eleger privilegiados; via de regra isto acaba em escândalos de corrupção. O estado deve ser restrito a funções mínimas e específicas, sempre que for possível fazê-lo através de ONGs ou empresas privadas, melhor. O papel do estado é fazer valer a justiça social. A Nova Zelândia está neste caminho e o seu sucesso é visível.
Existem poucas reservas morais entre as lideranças deste país. A minha esperança, sou um otimista sem cura, é que os escândalos em série provoquem a união de algumas vozes em torno de uma Reforma Política. Acho que vale a pena a batalha e também acho que a internet pode fazer a diferença.
china
ter, 07/06/2005 - 14:50
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movimento da sociedade civil
IMHO, a reforma política é a única que pode deslanchar aproveitando este momento de desmoralização... mas para isso é necessária uma mobilização da sociedade... Sem pressão das ruas Talvez a internet possa ajudar nisso.
Mas antes é preciso definir uma agenda mínima que independa das teses da direita e da esquerda (essas nunca são discutidas de verdade, já que nosso buraco é bem mais embaixo)...
Uma agenda que garanta uma melhor representatividade... a definição clara do papel dos partidos, etc.
Além disso, precisa ser simples para poder explicar para todo o mundo... mas suficiente para fechar as tetas do Estado para gente que faz política para benefício próprio ou de poucos.
Se mobilizarmos a sociedade agora podemos dar uma basta histórico. Para que no futuro próximo possamos discutir se devemos caminhar para o "capitalismo anglo-saxão" ou "para o welfare state" ou até uma "ditadura capitalista selvagem" como a chinesa...
Aqui desde utopia revolucionária vinculada à luta contra a ditadura... só se discute se fulano é ladrão ou beltrano se aproveita de tal coisa...
Já somos uma democracia... não teremos uma revolução trotskista nem a ditadura do proletariado... Já temos um Estado Democrático de Direito... Entretanto este estado ainda é meio capenga... precisamos fazer funcionar como no mundo civilizado.
Além da reforma política que no mínimo obrigue a fidelidade partidária e impeça a existência de partidos que não acreditam em nada ou acreditem em muitas coisas diferentes.
Precisamos fazer cumprir regras simples do tipo: todo o brasileiro é igual... Se alguém, por qq motivo leva alguma vantagem, por qq motivo, tá errado. Ponto. Qual é a dúvida?
Obviamente essa é a parte mais difícil... basta ver a reportagem da Veja de algumas semanas atrás sobre a mulher do embaixador Flecha de Lima...
"Joaquim Roriz faz de tudo para não bater de frente com Lúcia. Em primeiro lugar, por dívida pessoal. Enquanto morava em Washington, ela arregimentou doadores de remédios para um nete hemofílico do governador..."
Ninguém acha estranho esses favores obtidos graças a um cargo diplomático exercido pelo marido dela... um representante do Estado brasileiro... não da turma dela. tenho certeza de q em qq país civilizado isso seria um escândalo... com no mínimo um pedido de desculpas públicas.
IMHO, além da reforma política, todo brasileiro precisa começar a ser "cri-cri" com o uso do Estado para fins particulares. Se não a coisa não muda...
Sem tornar o Estado impessoal nada vai mudar e nunca vamos deixar de ter uma política bananeira como nestes últimos 500 anos.
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