Parlamento inglês

O Blair está no parlamento falando sobre os resultados da reunião que não fechou um acordo sobre a constituição da União Européia. Duas observações: isso que é democracia de verdade. Os pontos polêmicos são discutidos com profundidade em público pelas pessoas que tomam decisões e qualquer pessoa interessada consegue entender o que está acontecendo.

Governo e oposição são claramente dividos e um representante de cada lado expõe suas idéias apoiados por uma "torcida" formada pelos outros de representantes eleitos que demonstram a aprovação rindo ou grunhindo. Na terra da dona Beth, ninguém fica fazendo discursos demagógicos e inúteis para um plenário vazio só para aparecer na ata de debates fictícios, como ocorre aqui.

Isso sem contar a transparência na internet. Vale perder uns 10 minutos para comparar o site parliament.uk com o senado.gov.br e o camara.gov.br.

O inglês chama a participação, destaca como entrar em contato com os representantes e os relatórios dos debates são claros e objetivos. Os sites brasileiros parecem paginas de comércio popular com montes de mini-banners e as informações que interessam ficam escondidas por uma barreira de códigos que não dizem nada para o cidadão comum.

Veja esta página do senado brasileiro e a equivalente britânica. Aproveite tb para ver isso aqui. Além disso, mesmo quem se conecta do Brasil, o design simples das páginas do Parlamento britânico carregam mais rápido e funcionam melhor que pesadas e cheias de inutilidades das .gov.br.

Não parece ser óbvio que páginas de governo deveriam ter a obrigação de priorizar o conteúdo e usar um design simples para não dificultar o acesso da grande maioria do público que não dispõe de conexões de banda larga?

A outra observação: o novo líder dos conservadores, Michael Howard, é muito mais carismático e divertido que o anterior, Ian Duncan Smith.

Pela primeira vez ví o sujeito no plenário. Foi muito divertido. Principalmente na resposta à fala inicial do Blair, quando Howard repetiu a frase "Did he fight and loose or he did just give up?" depois de explicitar dezenas de pontos não aprovados em Bruxelas defendidos anteriormente pelo atual primeiro ministro. Além disso, arrancou risos da "torcida" conservadora ao mostrar que parte das "vitórias" alardedas pelo Blair no discurso inicial foram devido a iniciativas da Espanha e da Polônia...

BTW, sobre a questão União Européia x Grã Bretanha, vale dar uma lida no artigo do ex-editor do Daily Telegraph e London Evening Standard, Max Hastings, publicado hj no Guardian.