Um representante do braço político da luta pela independência basca negou a participação do ETA nos atentados e acusou a resistência árabe pelos crimes. Veja News24
A ministra das relações exteriores, Ana Palacios, ainda acha que foi o ETA e justifica a opinão contando para a BBCWorld que recentemente foram presos alguns membros do grupo terrorista tentado levar explosivos para Madri.
Se foi o ETA mesmo, é uma grande mudança de estilo, de acordo com o preofessor da LSE, Sebastian Balfor, que está sendo entrevistado pela BBCWorld. O ETA normalmente explode indivíduos, normalmente políticos, e produz bombas menores em cidades costeiras para prejudicar a indústria turística. Outra possibilidade levantada na entrevista: O ETA estaria fraco e incapaz de atingir alvos específicos e teria apelado para alvos menos protegidos.
Na segunda metade do anos 90, na época que o Aznar tinha acbado de assumir o poder, passei um mês de mochila na Espanha, sendo que pelo menos uma semana em San Sebastian, no Pais Basco. A maior parte do tempo fiquei batendo papo e tomando vinho de U$1 a 3 a garrafa e comendo tapas.
Na época deu para notar um comportamento até meio burocrático dos protestos contra o governo espanhol. Vários companheiros mochileiros que estavam há mais tempo na cidade foram testemunhas, dias antes de eu chegar lá, do ritual de queimar õnibus na cidade que acontecia mais ou menos a cada 15 dias.
De acordo com a cena que me contaram a coisa foi assim: uns caras encapuzados entraram no õnibus e civilizadamente pediram para que todos saíssem, pois o õnibus seria queimado. Só depois de que todos os passageiros estavam em um local seguro, os terroristas colocaram fogo no veículo. Ninguém que me contou essa história ficou com medo. O destaque das conversas sempre foi o surrealismo da situação.
A situação era parecida com as explosões de privadas tradicionais no mês de junho o Colégio Rio Branco, na época que lá estudei. Depois da bomba ser armada, sempre ficava um cúmplice na porta para evitar que algum desavisado entrasse no banheiro e se machucasse...
O que eu testemunhei no País Basco foi a rotina da greve de fome e passeatas, estas não necessariamente ligadas ao ETA. Na época havia uma greve de fome permanente. Um grupo de umas 5 pessoas permanecia uma semana sem comer dentro da catedral da cidade. Toda a sexta-feira o plantão da fome era trocado e ocorria uma passeata.
Nessa minha passagem por San Sebástian, a única coisa que me aconselharam foi não ficar muito próximo dos quartéis da Polícia Basca, que poderiam ser alvo de atentados mais "tradicionais". Para quem não sabe, a polícia Basca é um grupo de elite cuja principal missão é combater o ETA. São uns espanhóis (não bascos) de no mínimo 1,90 que usam um uniforme preto com uma faixa vermelha na altura do peito, andam sempre com uma metralhadora enorme e um capacete parecido com o do Darth Vader que cobre todo o rosto, para evitar ameaças às famílias deles.
Estranho sair desse terror "objetivo/surreal" com "regras de combate" bem definidas para um massacre indiscrimidado como o de hj. A contagem de mortos continua subindo. O ministro do interior espanhol está dizendo que já são pelo menos 173.
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