Roda Viva: Maria Gabriella, Boni e qualidade da TV brasileira
O Roda Viva de ontem entrevistou o ex-executivo da Rede Globo, Boni, com o objetivo de comemorar os 60 anos da TV brasileira.
Mais um capítulo lamentável na gloriosa história do programa. (Veja tb Tom Stoppard no Roda Viva: Bifequibe não é Paxman)
Pelo menos desta vez não preciso descrever o que aconteceu ou argumentar. Como agora o Roda Viva pode ser visto na internet, basta ir até esta página do site da TV Cultura e assistir.
(Se não tiver tempo ou se vc não sofrer de masoquismo, veja apenas as "considerações finais" no "Bloco 4").
Surreal, né? Há muito tempo aceitei o fato que o jornalismo brasileiro tende a ser provinciano e egocêntrico.
Nem costumo revirar os olhos quando os entrevistadores se acham mais importantes que os entrevistados. Estou acostumado a vergonha de cenas de puxa-saquismo explícito proporcionadas por baba-ovos que compartilham a minha profissão.
Tô escrevendo só para levantar 2 pontos que não foram discutidos.
Primeiro. De acordo com todos os presentes, a "qualidade" da TV aberta caiu, a programação está nivelada por baixo pq o departamento comercial atualmente manda mais que os "gênios" da TV como o Boni e motivos que soaram chorororô de pré-adolescente mimado.
Talvez esteja errado, mas imagino que seria razoável perguntar se o nivelamento por baixo não foi causado pela influência da TV a Cabo.
Pode não ser proposital, mas uma programação feita para gente ignorante na TV aberta incentiva a venda de assinaturas de TV paga.
Segundo. O mais puxa-saco dos entrevistados chegou a dizer algo como "o que aconteceria se um gênio como o Boni tirasse um ano para estudar a internet. Supondo que o "gênio" da TV revolucionaria a internet se tivesse tempo para pensar.
Boni disse que está há 3 anos fazendo isso e que ninguém no mundo inteirinho sabe como ganhar dinheiro publicando conteúdo na internet. (((Será que esta gente nunca ouviu falar do Google Adsense?)))
Provavelmente, não dá para ganhar dinheiro na internet usando o mesmo modelo que a TV e outra mídias tradicionais.
Talvez não dê para sustentar departamentos comerciais que ganham mais de 10 vezes que os jornalistas da redação.
Talvez não dê para colocar na conta da empresa jantares em restaurantes chiques ou visitas a prostíbulos pagas pelo acionista com a desculpa de fechar um contrato de publicidade.
Talvez não dê para ter um modelo de produção centralizado... Talvez não dê para ter o mesmo poder que essa gente teve no passado.
Entretanto, nada disso é fundamental para a produção de conteúdo honesto e relevante.
Espero que essas mudanças recentes no Roda Viva sejam provisórias. Espero que não façam mais um programa de tão baixo nível para falar da queda de qualidade da TV brasileira.
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