... publicando o que dá na telha desde janeiro de 2003.

Lost in translation no Japão

Como previsto, o oscarizado Lost in Translation não agradou os japoneses. É sempre uma tarefa difícil fazer uma comédia no Japão sem ofender a cultura local. Imagine então um filme de Holywood, onde tudo é homogeinizado, encaixotado e revendido para um público que não conhece e não está preocupado em descobrir outros modos de encarar a vida.

O correspondente do Christian Science Monitor, Robert Marquan, fez um artigo muito bacana a respeito da recepção do filme no Japão. Marquan destaca um fato interessante para abrir os olhos dos ocidentais: os 3 reféns libertados na semana passada foram alvo de críticas por pertubarem a política externa japonesa. Além disso, a família das vítimas pediu desculpas publicamente por denegrirem a imagem do país.

Japan's self-image is a subject so sensitive that it rarely gets raised among gaijin, or foreigners. An exception came last week when statesman Yasuhiro Nakasone, speaking minutes after Vice President Richard Cheney, insisted it is time for Japan to be a "normal nation," and shed its postwar image of US dependence.

Even the Japanese hostages in Iraq last week unveiled the different approach here. E-mail postings were actually critical of the three hostages for disrupting Japanese foreign affairs. Their family members apologized publicly for damaging Japan's image.

Isso sem contar o suicídio dos donos da granja contaminada com a gripe do frango que na nota de despedida pediram desculpas pela grande inconveniência para a sociedade causada por eles (veja nota) no começo do mês passado e o fato de que os japoneses foram os primeiros a usar táticas suicidas envolvendo aviões contra alvos americanos.

Não dá para dizer que o ocidente não conhece a cultura japonesa. Crianças de todo o mundo assistem a filmes de monstro, curtem pokemón e Mario Bros. Adultos apreciam Kurosawa, Ozu, Mishima, etc. Milhões em todo o mundo comem peixe crú com arroz grudento, cantam no karaokê, lutam Judõ, Aikidõ e outros dõs, etc.

No mundo dos negócios, mesmo com mais de 10 anos de economia parada, o modo de pensar da terra do sol nascente é estudado com alguma profundidade. Vale dar uma olhada, por exemplo, nesse artigo do professor da FEA, Henrique Ratterner, na Revista Espaço Acadêmico sobre o milagre japonês da segunda metade do século XX.

Em um lar japonês tradicional, opiniões e decisões de seus membros são tidas como unânimes, ou seja, todos aceitam a opinião do chefe e qualquer contradição será considerada imprópria, por perturbar a ordem e a harmonia do grupo. Transferido para o âmbito da empresa, empregado e empregador consideram a relação como totalmente envolvente (marugakae), semelhante à família. Ainda segundo Nakane, essa característica se verifica desde o período Meiji até o presente, o que explicaria o imobilismo do trabalhador japonês.

O sistema de emprego vitalício - introduzido no período pós-guerra, com o beneplácito do Estado - revela vínculos estreitos e características estruturais e ideológicas com a administração dos lares e das empresas e forma a base para o envolvimento e a participação dos indivíduos, enfatizando-se a maior importância de atitudes morais e patrióticas. O sentido de coesão e unidade grupal forma a base para o envolvimento e a participação emocional dos indivíduos no grupo, construindo um mundo à parte, ao lado e em oposição aos de “fora”. Mais do que em outras culturas, na sociedade japonesa as relações com os “outros” são vistas como opostos dificilmente conciliáveis.

Mesmo assim, Hollywood premiou um filme que ofende o país onde foi filmado. Nestes tempos de intolerância extrema no Oriente Médio, seria bom a indústria de entretenimento popular americana tomar mais cuidado.

Holocausto, Rantisi e Vanunu

Cerca de 7 mil pessoas demais de 20 países diferentes percorreram os 3 km entre Auschwitz e os restos do crematório do campo de concentração de Birkenau para lembrar os 6 milhões de judeus assassinados na Segunda Guerra. Veja Ha' aretz.

The route is followed every year in the March of the Living by young Jews, Poles and elderly survivors to remember the six million Jews killed in the Holocaust, including 1.5 million murdered in Auschwitz-Birkenau's gas chambers.

Mais música esquisita

Se vc achou engraçado o Black Sabbath no Ukelêle (veja nota), vale dar uma olhada nessa dica enviada pelo Pulga: dokaka.com.

Bloggers famosos discutem pq blogam

O Guardian organizou um debate por e-mail com os bloggers britânicos, Rhodri Marsden e Gregor Wright, e o iraquiano Salam Pax.

KofiGate: um escândalo sem amigos

No OptEd do New York Times, o Saphire reclama da enrolação internacional na investigação do escândalo de pelo menos U$ 5 bilhões envolvendo o programa "Oil for Food" da ONU.

O representante do pensamento da direita sensata explica que a comissão independente nomeada pelo Kofi Anan precisaria de uma resolução do Conselho de Segurança para coletar depoimentos sob juramento. Mas, dificilmente vai rolar pois revelaria as negociatas cometidas por empresas de países membros permanentes do Conselho como Rússia, França e China e a grande imprensa não tá afim de jogar merda no ventilador.

But outrage that drives coverage is selective, and there is little establishment appetite to pursue this complex scandal. Speaking power to truth, Newsweek headlines "Anti-U.N. Campaign," and reports dark suspicions by U.N. bureaucrats that the scandal was "drummed up" by the doves' Iraqi villain, Ahmad Chalabi.

France's U.S. ambassador writes under "Oil-for-Food Lies" in The Los Angeles Times that "unfounded accusations . . . have been spread by a handful of influential, conservative TV and newspaper journalists in the U.S." He noted that all 15 members of the Security Council approved all the oil-for-food contracts, and "the complete contracts were only circulated to the U.S. and Britain, which had expressly asked to see them. . . ." (And State shut its eyes — and has no list?)

Tão dizendo que até o brasileiro MR-8 teria lucrado com o petróleo do Saddam (Veja BBCBrasil).

Segundo o Al-Mada, o MR-8 teria recebido 4 milhões e meio de barris de petróleo. Mas Chaves disse que a quantidade de petróleo que ele ajudou o Iraque a colocar no mercado teria sido um pouco menor.

Era bom não deixar o assunto morrer.

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